Movimentos de representação da comunidade judaica no Brasil publicaram alertas para a escalada de crimes tanto de antissemitismo quanto de islamofobia em decorrência da polarização decorrente da guerra Israel–Hamas. Além de repudiar a islamofobia, as entidades ressaltam que tais atitudes acabam afetando as duas comunidades, nenhuma delas envolvida com o andamento do conflito.
“Há uma escalada de casos de crimes de ódio preocupante por conta da guerra e do clima polarizado que as redes criaram. No Rio, o muro de uma sinagoga foi pichado. Em São Paulo, um casal afegão agredido. Islamofobia e antissemitismo são faces da mesma moeda e precisam ser combatidos”, publicou em suas redes sociais o movimento Judeus pela Democracia.
O Instituto-Brasil Israel também se posicionou a respeito, defendendo a integridade do casal. “Assim como nos colocamos de forma veemente contra o antissemitismo, é preciso falar também da islamofobia. O grupo terrorista Hamas não representa a todos os palestinos, muito menos todos os muçulmanos. Não podemos tolerar a importação do conflito contra um grupo terrorista, imputando responsabilidades a pessoas sem qualquer relação com a situação”.
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Os dois movimentos são críticos à invasão do grupo terrorista Hamas em Israel, mas também rotineiramente ressaltam abusos cometidos pelo ministro israelense Benjamin Netanyahu contra a população palestina antes de depois da escalada da guerra.
A agressão à família de refugiados aconteceu no último dia 18. Testemunhas afirmaram que o agressor os chamava de terroristas, acusou a mulher de fazer parte do Hamas e os dois afegãos de terem matado as crianças de seu povo. Os dois refugiados haviam abandonado seu país de origem em 2022 justamente para fugir do Talibã, grupo fundamentalista aliado ao Hamas.
O caso também foi comentado pela ONG que acolheu o casal no Brasil, a Panahgah, especializada em receber refugiados afegãos. “Nenhum grupo religioso ou étnico pode ser culpado pela atitude irracional de uma pessoa extremista (esse grupo cristão, muçulmano ou judeu). (…) O Brasil é uma nação formada por diferentes povos, e desta forma, cremos que o respeito sempre deverá permanecer”.
O movimento Judias e Judeus pela Democracia de São Paulo também chamaram atenção para a ocorrência de ataques contra a escritora judia Natalia Timerman, que no domingo (22) publicou um artigo no Uol alertando para a escalada do antissemitismo nos últimos anos nas redes sociais ao se discutir o conflito Israel-Palestina.
“O texto sobrepõe uma perspectiva histórica e pessoal para refletir sobre a maior escalada de antissemitismo no mundo desde o fim do nazismo. Quem quer a paz não tem paz. Mas não nos calaremos diante daqueles que, de forma covarde, tentam impedir o debate. Seguiremos lutando”, declarou o movimento em nota.
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