Diante do resultado das eleições legislativas na França, marcadas pela derrota do partido de extrema-direita Assemblée Nationale (Reunião Nacional) de Marine Le Pen e pela consolidação da coalizão de esquerda Nouveau Front Populaire (Nova Frente Popular, NFP) como maior bloco do parlamento francês, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas e ex-ministro no governo de Jair Bolsonaro, pronunciou-se em suas redes sociais. De acordo com ele, o pleito francês representa um alerta à direita brasileira, pois retrata as consequências da adoção de uma postura extremista e isolacionista.
De acordo com o parlamentar, o cenário francês se assemelha à situação brasileira, pois nos dois países, “os setores mais vigorosos da Direita ainda imaginam que podem, sozinhos, ser referendados pela vontade popular”, e os dois extremos “procuram o tempo todo desqualificar os que pensam diferente, mesmo que possuam inúmeros pontos de convergência com pontos centrais de sua agenda”. A população brasileira, porém, “não é de extremismos”.
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O senador alertou que, no caso da direita, comportamentos fundamentalistas de uma parcela que acredita possuir força majoritária acabam por estigmatizar o todo. “O que os acontecimentos da França demonstram é que a construção de uma maioria exige mais do que convicção. Exige a capacidade de congregar em torno de um projeto nacional, de uma nação que não possui um pensamento único, mas múltiplo, um projeto maior do que o de qualquer corrente”, ponderou.
Ciro Nogueira também apontou para o fato de a NFP não ter alcançado maioria absoluta na Assembleia Nacional francesa, sendo obrigada a buscar apoio de outros partidos para consolidar seu futuro governo. “A esquerda também deve aprender com o dia de hoje. Ganhou, mas não é majoritária também. Foi a vitória da derrota. Ou a derrota da vitória. Quando os extremos se enfrentam, a fragmentação triunfa e as diferenças sobressaem. Como deve ser”, avaliou Nogueira.
Apesar de ter sido parte das bases dos dois primeiros mandatos do presidente Lula e do governo Dilma, Ciro Nogueira se tornou um dos principais aliados do governo de Jair Bolsonaro, assumindo a chefia Casa Civil durante sua gestão. Na atual legislatura, adota uma postura dupla: publicamente, se afirma como parlamentar de oposição. Nos bastidores, autorizou as negociações para seu partido ocupar pastas do governo, e vota majoritariamente com o governo, mas sem o mesmo grau de adesão dos partidos da base no Senado.
Ao comentar as eleições na França, o senador aproveitou para criticar o purismo predominante entre lideranças de extrema-direita, muitas vezes hostis a qualquer conversa entre quadros da oposição com o governo. “Para a Direita, tão crítica e impiedosa com os seus próprios, fica o recado”, afirmou.
PublicidadeVeja a íntegra da análise de Ciro:
Textão:
As eleições da França e a lição para o BrasilAs eleições para a França deixam uma lição pedagógica para todo o mundo e o Brasil.
Os setores extremistas, que possuem tentações majoritárias e dominantes em ambos os polos, procuram o tempo todo desqualificar os que pensam…
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) July 7, 2024
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