O segundo turno das eleições legislativas na França resultou, nos resultados iniciais da apuração neste domingo (7), em vitória para a coalizão Nouveau Front Populaire (Nova Frente Popular, NFP), formada pelos quatro maiores partidos de esquerda e centro-esquerda no país. Ao contrário do que se observou no primeiro turno, o partido de extrema-direita Rassemblement National (Reunião Nacional), liderado por Marine Le Pen, ficou em terceiro lugar. Em segundo lugar ficou a coalizão Ensemble Pour la République (Juntos Pela República, conhecida apenas como “Juntos”), do presidente Emmanuel Macron, de centro-direita.
Originalmente previstas para acontecer somente em 2027, as eleições parlamentares foram antecipadas por decisão de Emmanuel Macron após o resultado do pleito para o Parlamento Europeu, cuja bancada francesa formou maioria para o Reunião Nacional. A antecipação tinha por objetivo deter uma tendência de fortalecimento a longo prazo da sigla de Le Pen, obrigando as demais forças políticas a uma concentrar esforços em uma reação emergencial contra a extrema-direita.
A França adota, para suas eleições parlamentares, o sistema majoritário: o país é dividido em distritos eleitorais, e cada um elege um deputado para a Assembleia Nacional, câmara baixa do Legislativo, em votação de até dois turnos para formação de maioria absoluta. O primeiro turno aconteceu na semana anterior, e acendeu um novo alerta para as forças progressistas locais: Le Pen havia acumulado uma nova vitória. Dos 76 legisladores eleitos no primeiro turno, metade eram de seu partido. Restavam 501 para serem escolhidos no segundo turno.
No segundo turno, porém, o resultado foi uma reviravolta à esquerda. A NFP e a Juntos somaram esforços para garantir a derrota do Reunião Nacional, apelando aos eleitores para o voto útil. Em diversos distritos, as duas alianças contrárias à extrema-direita retiraram os candidatos que ocupavam o terceiro lugar para beneficiar o outro lado da frente ampla.
O resultado foi favorável à a frente ampla contrária a Le Pen. Os primeiros resultados apontaram para a eleição de 172 a 192 assentos para a FNP, 150 a 170 para a coalizão Juntos e 132 a 152 para o Reunião Nacional. Com isso, a coalizão de esquerda passa a liderar o maior bloco da Assembleia Nacional, mas sem maioria absoluta. Se quiserem ocupar o gabinete de primeiro-ministro, terão de consolidar um acordo com o bloco de Macron.
Jean-Luc Mélenchon, líder do NFP, já reivindicou a nova composição do Executivo francês, com um primeiro-ministro da coalizão assumindo um governo de composição com o Juntos. Essa formação representaria a derrota definitiva de Le Pen, mas também o enfraquecimento de Macron, que ficará encarregado de coordenar a política externa francesa, mas sem controlar as decisões domésticas. Em nota, ele declarou que aguardará a conclusão da apuração das urnas antes de decidir os seus passos na negociação.
A vitória da coalizão NFP consolida a liderança de esquerda dentre as três grandes potências da União Europeia: França e Alemanha passam a contar com parlamentos majoritariamente formados por social-democratas, enquanto a Itália, terceiro maior PIB do bloco, segue governada pelo partido de extrema-direita Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), liderado por Giorgia Meloni.
O mesmo resultado foi observado na mesma semana no Reino Unido, país com segundo maior PIB europeu mas que não faz parte da União Europeia, onde, após 14 anos de governos liderados pelo Conservative Party (Partido Conservador), de direita e centro-direita, o Labour Party (Partido Trabalhista), de centro-esquerda, elegeu maioria no parlamento.
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