O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro afirma que o ex-presidente Michel Temer (MDB), preso no final da manhã desta quinta-feira (21), lidera uma organização criminosa que se beneficiou de propinas, seja em pagamentos realizados ou promessa de repasses pelos próximos 30 anos, de R$ 1,81 bilhão.
O valor é a somatória do que se apurou, segundo o MPF, em 16 esquemas de corrupção ligados ao grupo de Temer, que inclui o ex-ministro Moreira Franco.
Veja íntegra da decisão que levou à prisão de Temer
Temer foi preso no final da manhã desta quinta-feira (21), no Rio de Janeiro, com base em uma investigação levada à Justiça Federal do Rio. Os fatos que ela apurava foram desmembrados do chamado inquérito dos portos, em que Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com mais cinco pessoas.
Segundo o MPF, a investigação aponta que pessoas e empresas usados como laranjas “na rede de lavagem de ativos de Michel Temer” ainda recebem e movimentam valores ilícitos e escondem dinheiro, inclusive no exterior.
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“As apurações também indicaram uma espécie de braço da organização, especializado em atos de contrainteligência, a fim de dificultar as investigações, tais como o monitoramento das investigações e dos investigadores, a combinação de versões entre os investigados e, inclusive, seus subordinados, e a produção de documentos forjados para despistar o estado atual das investigações”, diz o MPF em nota.
PublicidadeDurante a investigação dos portos, o empresário José Antunes Sobrinho, ex-sócio da empreiteira Engevix, disse à força-tarefa da Lava Jato ter usado uma empresa sob controle da construtora, a Alumi Publicidade, para repassar R$ 1,1 milhão em propinas à PDA Projeto e Direção Arquitetônica, do Coronel João Batista Lima Filho. Conhecido como Coronel Lima, o empresário é amigo de Temer e já conhecido das investigações.
A propina seria devida a contratos da usina nuclear de Angra 3. As investigações apontam que uma empresa do Coronel Lima ganhou o principal contrato de construção da usina Angra 3 com a Eletronuclear e se comprometeu a subcontratar a Engevix para fazer a obra. O pagamento a Temer seria parte deste acordo.
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As prisões
Temer e o Coronel Lima são alvos de mandados de prisão preventiva, sem prazo para soltura, assim como o ex-ministro Moreira Franco. Além deles, Maria Rita Fratezi, Carlos Alberto Costa, Carlos Alberto Costa Filho, Vanderlei de Natale e Carlos Alberto Montenegro Gallo também são alvos de preventiva. Também foi autorizada a prisão temporária, com prazo de cinco dias, de Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann.
O embrião das investigações que levaram à prisão de Temer foi a operação Radioatividade, a 16a fase da Lava Jato, em julho de 2015. Desde então, a Polícia Federal (PF) deflagrou outras duas operações voltadas à Eletronuclear.