Pivô da crise que abala o governo eleito mesmo antes da posse, o ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL) Fabrício José Carlos de Queiroz faltou novamente a um depoimento na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), como já o fizera na última quarta-feira (19), para explicar o que o Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) classificou como movimentações “atípicas” de dinheiro – o órgão rastreou movimentação bancária de R$ 1,2 milhão nas contas do ex-motorista do filho do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A nova ausência significará intimação de Flávio Bolsonaro para explicações.
Fabrício Queiroz teve seu depoimento remarcado para a tarde desta sexta-feira (21) pois, segundo sua defesa, apresentou “inesperada crise de saúde” há dois dias. Calado desde que o caso veio à tona, dando início a uma série de outras descobertas (veja relação de matérias ao final deste texto), o ex-assessor viralizou nas redes sociais com a pergunta “Cadê o Queiroz?”.
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A defesa de Fabrício Queiroz também alegou não ter tido “tempo hábil” para examinar os autos da investigação, mas já disseram ter solicitado cópias da documentação. Hoje (sexta, 21), segundo informações do MP-RJ, um dos advogados do investigado chegou a comparecer à sede do órgão no início da tarde, onde disse que Fabrício foi internado hoje para procedimento médico com anestesia.
Laudos médicos poderão comprovar a nova versão da defesa, acrescenta o MP-RJ, e os advogados já se comprometeram a apresentá-los em uma semana, até a próxima sexta (28). Nos termos da lei, a eventual comunicação de informação falsa pode agravar punição do investigado e resultar na responsabilização da própria defesa.
Com a ausência reiterada de Fabrício Queiroz, ainda segundo o Ministério Público fluminense, o próximo passo das investigações será o encaminhamento de ofício à presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recomendando que Flávio Bolsonaro preste esclarecimento sobre as movimentações suspeitas de seu ex-assessor em 10 de janeiro. Eleito para o Senado, Flávio tem posse marcada em Brasília nos primeiros dias de fevereiro.
PublicidadeAlém da movimentação financeira suspeita nas relações com o ex-chefe, também causou estranheza o fato de Fabrício Queiroz ter depositado cerca de R$ 24 mil na conta bancária da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Diante da notícia, o capitão da reserva falou em quitação de empréstimo, mas não explicou por que alguém que movimentou R$ 1,2 milhão pediria poucos milhares de reais emprestado.
Já o senador eleito diz não ter cometido qualquer irregularidade e que seus assessores, e não apenas Queiroz, dariam explicações às autoridades competentes. Desde a quarta-feira (19) sem postagens no Twitter, rede em que costuma ser atuante, o deputado estadual voltou à carga nesta sexta-feira com a mesma tese.
“Pela enésima vez, não posso ser responsabilizado por atos de terceiros e não cometi nenhuma ilegalidade. O ex-assessor é quem deve dar explicações. Todos da minha equipe trabalham e a prova de que o gabinete funciona bem são minhas crescentes votações”, alegou.
Veja na reprodução:
Pela enésima vez, não posso ser responsabilizado por atos de terceiros e não cometi nenhuma ilegalidade. O ex-assessor é quem deve dar explicações. Todos da minha equipe trabalham e a prova de que o gabinete funciona bem são minhas crescentes votações.
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 21 de dezembro de 2018
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