Um dos caciques do Partido Liberal (PL) no Maranhão, o deputado Josimar Maranhãozinho foi flagrado pela Polícia Federal com maços de dinheiro que, segundo os investigadores, seriam das chamadas emendas de relator, mais conhecidas como “orçamento secreto“. O flagrante ocorreu em outubro de 2020, no escritório político do deputado no estado, mas só foi divulgado nesta sexta-feira (3) pela revista Crusoé.
Josimar é pré-candidato ao governo do Maranhão, empreitada para a qual conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, recém-filiado à sigla. O político acompanhou a cerimônia de filiação do presidente nesta semana e andou de braços dados com o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.
Na publicação da revista, o deputado aparece em seu escritório político com dinheiro em envelopes. As imagens foram captadas por uma câmera instalada pela Polícia Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), no gabinete dele em São Luís, no Maranhão.
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Segundo a reportagem, o esquema funcionava com empresas fantasmas: Josimar indicava as emendas para determinado destino no estado e, em troca, os prefeitos dos municípios beneficiados contratavam empresas ligadas a ele. Após o pagamento, aliados e funcionários do parlamentar sacavam o dinheiro em espécie e deixavam os maços em seu gabinete. O pool de empresas contratadas pelas prefeituras contava com ele próprio em seu quadro de sócios até recentemente. Uma outra firma está no nome de duas empregadas domésticas de Maranhãozinho, relata a Crusoé.
O parlamentar é alvo de pelo menos duas investigações no Supremo por suspeita de envolvimento no esquema de repasses de emendas parlamentares no Congresso. Além dele, outros dois deputados federais e um senador são investigados. O maranhense é suspeito de pagar uma espécie de “pedágio” para que colegas parlamentares se juntem a ele destinando emendas a municípios controlados por seus aliados políticos.
Josimar de Maranhãozinho é investigado por ao menos quatro crimes: peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude a licitação. A ministra Rosa Weber autorizou mandados de busca e apreensão em quatro municípios sobre desvio de verbas de prefeituras. A operação foi realizada na última quarta-feira (1º).
Ele está no primeiro mandato como deputado federal. Antes, foi deputado estadual por oito anos e prefeito de Maranhãozinho, município de 20 mil habitantes, entre 2005 e 2012.Procurada pelo Congresso em Foco, a Polícia Federal disse que não irá se manifestar. “A PF não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”. O deputado também não se manifestou sobre o assunto. Em resposta à Crusoé, o gabinete informou que o dinheiro guardado pelo parlamentar foi declarado à Receita Federal.
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