Planeta Terra, janeiro de 2020. Instala-se no seio da humanidade pavorosa pandemia. Eis que, em meio às trevas de um momento difícil, surgiu um instigante questionamento do Papa Francisco: “das grandes provações da humanidade nós saímos melhores ou piores. Pergunto-vos: como querem sair disso?”
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A pergunta procede sob todo e qualquer aspecto. Mas tratemos aqui de apenas um deles, qual aquele relativo à administração pública. Será ela crucial para uma rápida recuperação da economia e prevenção de horrores futuros.
Sabemos todos que uma de suas maiores pragas responde pelo nome de “corrupção”. Trata-se de delito praticado por pessoas em posição de mando. Em tese, detentoras de razoável esclarecimento.
É quando começa a escandalizar o número e a intensidade das denúncias envolvendo a área da saúde pública – e isto pela humanidade afora. Trata-se de um momento de crise humanitária. De sofrimento. E nem assim as denúncias arrefeceram – muito pelo contrário, aliás.
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A amplitude do que tem sido denunciado choca, indo desde a aquisição fraudulenta de medicamentos e equipamentos médicos até a contratação de serviços de saúde que jamais seriam prestados. Choca pela crueldade que retrata.
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Desviar recursos de um povo sofrido já é algo repulsivo. Mas cometer tal crime em momento no qual caixões são empilhados em valas comuns é algo que carece de definição.
Se estas denúncias forem verdadeiras e apenas delas restar a impunidade passa a ser preocupante o futuro da humanidade. Será que sairemos mesmo piores desta crise?
A reflexão seguinte, não menos relevante: de onde estas pessoas estariam retirando tamanha audácia? Tão grande certeza de impunidade? Onde teríamos falhado, enquanto sociedade? Enquanto instituições? Será que chegado o momento de discutirmos, sem paixões ou hipocrisia, as bases dos mecanismos de prevenção e combate à corrupção?
Mas vá lá que seja! Imaginemos que “tudo dê em nada”. Que nada seja apurado. Que eventuais culpados fiquem impunes – assim como aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para tal impunidade. Sim, imaginemos este cenário – sob o qual fico a recordar os sempre brilhantes sermões de Padre Ayrola. De um deles extraí sábio alerta, que aqui dedico aos maus: “as coisas da vida passam, e passam muito depressa”.
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