Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no programa “Com a palavra”, apresentado por Lincoln Macário e Elisabel Ferriche na Rádio Câmara:
Na noite anterior eu respondi uma pesquisa de um banco estrangeiro sobre telecomunicações no Brasil. Eram perguntas certeiras sobre problemas muito complexos, e o meu desafio era escolher uma bolinha e escrever num quadradinho.
Não é que simplificar seja uma tarefa fácil, mas quem formulou as questões já teve uma matriz interpretativa decodificada para responder a grande questão. E esta me pareceu ser: o problema das telecomunicações no Brasil é regulatório ou de investimentos. E se for investimento, de quem é culpa: do governo ou das empresas? Uma das questões da pesquisa é: se não há antenas suficientes para nos garantir uma boa comunicação, é porque falta compartilhamento, ou porque a burocracia para colocar novas antenas é excessiva. Talvez as duas coisas, eu diria.
Uma lei de compartilhamento de antenas agilizou o processo junto às prefeituras e coibiu os achaques contra as empresas por administradores desonestos, mas a criação de um fórum de empresas para compartilhar esforços e otimizar investimentos não seria uma má ideia. As empresas, no entanto, se combinam bem na arena do lobby, mas na hora de conversar no quintal de casa, a veia da competição pulsa mais forte.
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O governo, por sua vez, ou o órgão regulador não consegue trabalhar ou agilizar um enforcenment neste sentido. Outra pergunta era: se falta conexão no País, ou um plano de banda larga que não deslancha, o que dá na mesma, é porque:
1) os investimento não são suficientes;
2) o governo não dá muita bola para o tema;
3) as duas coisas juntas.
Mas o Brasil tem plano de banda larga e a promessa de outro vindo, não?
Todos nós sabemos que o plano nacional de banda larga era um plano que exigia investimentos e foi desfigurado quando esses investimentos sumiram, como todo o resto em termos de política setorial não associada às políticas monetárias ou de assistência de governo.
O fato é que banda larga nunca foi vitrine para os governos abaixo da linha do Equador, ressalvadas experiências isoladas como na Colômbia, afinal, a internet dá mais do que informação. Ela dá uma emancipação política ao eleitor brasileiro que as elites não estão muito abertas a aceitar. Quando alguém ganha com educação e cultura, alguém perde com o fim da apatia de um povo educado na base do entretenimento.
Mande suas críticas, dúvidas e sugestões para papodefuturo@camara.leg.br.
Texto produzido originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara.
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