A pandemia de covid-19 acentuou as desigualdades sociais e deixou clara a necessidade de um serviço público de qualidade para assistir a população. Com o país chegando aos 19 mil mortos e 300 mil infectados, os servidores públicos estão na linha de frente do combate à doença. Mesmo nesse contexto, os servidores têm sofrido ataques proferidos por membros do Governo de Jair Bolsonaro.
Para debater as bravatas contra os servidores públicos, o Congresso em Foco, em parceria com a Febrafite, promoveu uma live com os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ) e Professor Israel (PV-DF), o presidente da Febrafite e vice-presidente do Fonacate, Rodrigo Spada, a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli e o advogado Cláudio Renato do Canto Farág.
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Com apresentação da jornalista Raquel Capanema, o tom do debate foi bastante crítico à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamou os servidores de parasita.
“Vivemos um momento de bullying institucional no Brasil. Um ataque contra os servidores”, disse Professor Israel. Para Molon, o governo Bolsonaro demonstra insensibilidade. “Tem uma visão preconceituosa com os servidores, sem se lembrar que médicos, policiais, garis e enfermeiros são servidores e acabam se expondo ao vírus”, apontou o deputado.
Durante o debate, os convidados afirmaram que há uma “narrativa fascista e ideológica” por parte do governo contra o funcionalismo. Maria Lucia reforçou que o posicionamento público do ministro é condenável e que é fundamental uma retratação. Nesse sentido, Cláudio Farág disse que já há ações indenizatórias contra Guedes. Segundo o advogado, o objetivo é frear suas falas. Além disso, outras ações são movidas contra o ministro. Uma delas partindo do PV e outra de seis entidades do fisco.
Iniciativa privada
Maria Lucia subiu o tom das críticas ao governo e advertiu que a pandemia “escancarou o privilégio dos bancos”. A coordenadora da Auditoria Cidadã lembrou que o Banco Central injetou liquidez nos bancos para que pudessem fazer empréstimo às empresas e que aumentaram as taxas de juros. “Isso é que é ser parasita”, alfinetou em referência à fala de Guedes.
“Vamos ver a dívida pública aumentar sem contrapartida. Virá mais arrocho em cima do trabalhador e privatizações”, apontou Maria Lucia em crítica à PEC 10, que institui regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento da calamidade pública nacional decorrente de pandemia.
Rodrigo Spada chamou atenção para a necessidade de se criar uma política fiscal expansionista. “O Estado tem de trazer recursos e amparar os desassistidos. E não atacar ou desmoralizar os servidores.”
Para o presidente da Febrafite, os Estados Unidos “acabaram com sistema público de saúde e apresentam péssimos resultados no enfrentamento à pandemia. É um exemplo de que precisamos do serviço público para evitar o ‘cada um por si’”.
Ainda mais contundente, deputado Israel afirmou que “a deterioração do estado brasileiro é uma política, uma estratégia de governo. Há intenção de transferir a estrutura pública para o setor privado. Esse governo tem patrão e não é o povo brasileiro.”
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