Bolsonaro levou brasileiros a desfiladeiro mortal, diz Mandetta
O ex-ministro, que foi demitido em abril após uma série de desentendimentos com o presidente, considera que Bolsonaro faz política com a morte de milhares de brasileiros.
Atualmente o Brasil soma mais de 106 mil mortes por covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em número de casos e óbitos confirmados. Para Mandetta, Bolsonaro brincou de política com a vida dos cidadãos em meio a uma crise global.
"É interessante que ele rejeita totalmente a ciência e goza de todos aqueles que falam de ciência. Mesmo assim, quando há qualquer perspectiva de vacina, ele é o primeiro a bater na porta da ciência. Como se uma vacina fosse redimi-lo da sua marcha cambaleante pela epidemia", disse Mandetta.
O ex-ministro também comentou a forma fria com o que presidente tem tratado as mortes decorrentes do novo coronavírus no país. Bolsonaro fez referência aos recuperados, e não aos 100 mil mortos, no sábado passado, quando o país atingiu essa marca. Desde o início da pandemia, o presidente não visitou hospitais com pacientes infectados. Esse comportamento, na visão de Mandetta, pode indicar um sentimento de culpa.
Depois de uma breve passagem de seu sucessor, o médico Nelson Teich, o Brasil está há três meses sem um titular à frente da pasta. Até hoje o general do Exército Eduardo Pazuello atua como interino, mesmo não tendo experiência prévia em gestão pública ou saúde.
Para Mandetta, há uma "sabotagem absoluta" do Ministério da Saúde. O ex-ministro relatou ao jornal britânico que se sentiu angustiado e impotente diante de toda a situação que vivenciou e que Bolsonaro se cercou de pessoas que apenas concordam com ele, sem consultar especialistas.
Para ele, a pandemia só vai arrefecer no Brasil com uma mudança de rumo no número de mortes diárias - cerca de mil por dia hoje. A continuar como está, a crise deve amenizar somente no fim de setembro, prevê ele.
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