O primeiro semestre já chegou ao final. Estamos a menos de três meses do primeiro turno das eleições presidenciais. As últimas pesquisas de intenção de voto apontam para um forte equilíbrio entre o ex-governador José Serra (PSDB) e a ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Com o Brasil eliminado da Copa do Mundo, as faixas verde-amarelas nas ruas serão agora gradativamente substituídas pelo material de campanha dos principais candidatos.
Na semana passada, foram definitivamente formalizadas as coligações partidárias que apóiam as candidaturas governista e oposicionista. Ambos terão congressistas como companheiros de chapa. Como já era sabido, o vice de Dilma é o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP). Do outro lado, e após muita especulação, o vice de Serra é o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ).
Essas duas “dobradinhas” chamam a atenção por dois aspectos. Em primeiro lugar, elas consolidam ao redor de cada presidenciável os principais partidos dos dois blocos que dominaram a política brasileira nos oito anos do governo Lula. Do lado governista, o bloco PT/PMDB. Do lado da oposição, o bloco PSDB/DEM. O critério partidário parece ter sido central na composição das duas alianças.
Mas um segundo aspecto também pode ser destacado. Vamos chamá-lo de critério federativo. Coincidentemente ou não, os dois vices representam também dois dos três estados mais populosos do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Como Dilma é mineira e Serra é paulista, podemos dizer que – com qualquer resultado – o Sudeste será a única região representada no poder Executivo nos próximos quatro anos.
Por outro lado, nenhum dos dois vices desponta como um grande puxador de votos. Tanto Michel Temer como Indio da Costa jamais disputaram eleições majoritárias nos seus estados, e sequer estiveram na lista dos deputados federais mais votados nas eleições passadas. Nenhum deles parece ter, sozinho, muitos votos adicionais para agregar aos seus companheiros de chapa. Apesar de Michel Temer, Serra deve vencer a eleição em São Paulo. Apesar de Índio da Costa, Dilma deve ser a mais votada no Rio de Janeiro.
A composição final das duas chapas presidenciais não esteve, portanto, subordinada a critérios pessoais – ou a critérios eleitorais no sentido mais restrito do termo. Na verdade, Serra e Dilma parecem ter priorizado a fidelidade às alianças políticas nacionais de seus respectivos partidos. E, secundariamente, parecem também ter escolhido a região Sudeste como o grande campo de batalha eleitoral dessa campanha presidencial. De fato, a margem da vitória de um lado ou de outro em estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro será decisiva para o resultado final dessa eleição.
Em outras palavras, os vices escolhidos por Dilma e por Serra não vão lhes dar (ou tirar) muito mais votos do que ambos já teriam em qualquer cenário. A campanha presidencial de 2010 poderá, assim, entrar para os manuais de política como mais um exemplo do lento fortalecimento dos partidos como variáveis estruturantes das escolhas eleitorais.
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