Ronaldo Brasiliense

O PT começou a pagar a conta dos escândalos em que se envolveu no governo Lula. Os petistas, mostram as pesquisas eleitorais, foram duramente atingidos pelo mensalão, pelo loteamento de cargos, pelo aparelhamento da máquina do Estado e, sobretudo, pela perda do monopólio da ética, que jogaram no fundo do poço da corrupção.

Pesquisas divulgadas neste fim-de-semana, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, de Alagoas a Santa Catarina, mostram que os candidatos petistas vão mal das pernas. Foram implacáveis, por exemplo, com os candidatos petistas em território alagoano e em terras catarinenses.

Sem falar que até agora nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, os favoritos na disputa para o governo são os tucanos José Serra (PSDB) e Aécio Neves (PSDB), respectivamente, e no terceiro maior colégio, o Rio de Janeiro, a disputa se resume aos senadores Marcelo Crivella (PRP) e Sérgio Cabral (PMDB) e à deputada federal Denise Frossard (PPS).

No Rio Grande do Sul, o governador Germano Rigotto – que concorre à reeleição – assumiu a liderança na disputa para o Palácio Piratini, com quase oito pontos percentuais à frente do principal concorrente, o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra, do PT. A pesquisa divulgada pelo Centro de Pesquisa Correio do Povo (CPCP), a primeira realizada após o registro das candidaturas ao governo do Estado, confirma o favoritismo de Rigotto. No final de junho, pesquisa do Ibope mostrava Rigotto e Olívio rigorosamente empatados.

 Agora, segundo o CPCP, Rigotto tem 28,1% das intenções de voto, contra 20,8% de Olívio Dutra, 14,5% de Yeda Crusius (PSDB), 9,6% de Alceu Collares e 4,2% de Francisco Turra. Outros cinco candidatos têm menos de 1% das intenções de voto.

Na região Nordeste, onde o presidente Lula apresenta seus melhores índices, o PT capenga em Alagoas, onde o instituto Vox Populi aponta vitória em primeiro turno do deputado federal João Lyra (PTB), batendo o senador tucano Teotônio Vilela Filho. Mesmo aliado a antigos inimigos, como o ex-governador Ronaldo Lessa e o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), Vilela está muitos pontos atrás.

A pesquisa realizada em Alagoas pelo Instituto Vox Populi, divulgada pela TV Pajuçara, confirma a tendência apontada uma semana antes pela pesquisa Gape, de vitória em primeiro turno de João Lyra. Na pesquisa estimulada (em que os entrevistados escolhem entre os candidatos que lhes são mostrados), João Lyra aparece em primeiro, com 43% das intenções de voto. Vilela está em segundo, com 35%.

O desgaste nacional do PT é comprovado pela candidata do partido ao governo alagoano, Lenilda Lima, que obteve apenas 2% das citações. Ricardo Barbosa, candidato do Psol, da senadora alagoana Heloisa Helena, ficou com um pífio 1%. Os demais candidatos não tiveram citações. Por esses números, o índice de João Lyra supera em cinco pontos percentuais a soma de todos os adversários, o que configura a tendência de vitória no primeiro turno.

O quadro desfavorável ao PT se repete em Santa Catarina, onde os petistas locais, contrariando Lula, rejeitaram apoio ao ex-governador Luiz Henrique (PMDB). Pesquisa do Ibope encomendada pela RBS – TV Florianópolis – depois de homologadas as oito candidaturas ao governo do Estado, aponta para a mesma situação vivida no segundo turno das eleições de outubro de 2002. Luiz Henrique (PMDB) e Esperidião Amin (PP) aparecem com vantagem sobre o ex-ministro José Fritsch (PT), além de registrar a ausência de intenções de votos para os demais postulantes ao governo. Luiz Henrique tem 39% das intenções de voto, contra 31% de Amin, e 5% de Fritsch na pesquisa estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados ao eleitor.

Na pesquisa espontânea, o candidato do PMDB tem 21%, o do PP 12% e o do PT 1%. O Ibope também fez simulações sobre um eventual confronto entre Luiz Henrique e Esperidião Amin em um 2º turno. O peemedebista teria 47% contra 38% do progressista. Se a disputa fosse entre Luiz Henrique e José Fritsch, o ex-governador teria 62% e o petista, 15%. E, entre Esperidião Amin e José Fritsch, o progressista teria 57% contra 19% do petista.

Para completar o fracasso petista, a senadora Roseana Sarney (PFL) lidera com folga no Maranhão, segundo o Ibope, e deve vencer já no primeiro turno. Roseana tem 66% dos votos válidos contra 24% do segundo colocado, Jackson Lago (PTD). O terceiro colocado é o ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal (PSB), apoiando pelo PT, com reles 5%. Marcos Silva (PSTU), Ribamar Pedrosa (PCO), João Bentivi (Prona) e Aderson Lago (PSDB) empatam em 1%. Antonio Aragão (PSDC) sequer foi citado pelos eleitores ouvidos pela pesquisa.

Paradoxalmente, enquanto o PT se esfacela país afora, o presidente Lula mantém a dianteira na corrida presidencial, descolado do partido que ajudou a fundar. Até quando?