Lúcio Lambranho
O dinheiro público administrado pelo PMDB em 2009 ultrapassa em mais de duas vezes o orçamento federal da Argentina. Sem contar as prefeituras, o partido controla cerca de R$ 258,9 bilhões, divididos em seis ministérios, sete governos estaduais, a Câmara e o Senado (confira o quadro).
Com muito dinheiro na mão, os peemedebistas se fortalecem para a disputa de 2010. As eleições de José Sarney e Michel Temer para o comando do Legislativo têm o objetivo de assegurar também o domínio político.
A Argentina tem um orçamento federal correspondente a R$ 106 bilhões. O caixa bilionário administrado pelo PMDB equivale a 16,1% de todo o dinheiro previsto para ser gasto este ano pelo governo federal, R$ 1,6 trilhão, sem contar o corte de R$ 37 bilhões anunciado pelo Ministério do Planejamento.
Apesar do tesouro nas mãos, o partido quer mais. A voracidade do PMDB por cargos e verbas aparece nos sinais emitidos por senadores e deputados ligados aos grupos de Sarney, no Senado, e Temer, na Câmara. As duas alas travam, também, uma disputa interna por postos já ocupados por peemedebistas.
Na Infraero, por exemplo, o PMDB concorre com o PTB, partido do senador Gim Argello (DF), um dos articuladores da vitória de Sarney. Os petebistas estão de olho na diretoria comercial da estatal, mas os peemedebistas querem a presidência e demais diretorias da empresa, subordinada ao Ministério da Defesa, pasta sob o comando de Nelson Jobim, do PMDB.
Internamente, o nome mais cotado para o lugar do brigadeiro Cleonilson Nicácio é Rogério Abdala, atualmente na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também na cota do PMDB. O nome de Abdala já teria aval duplo de Sarney de Temer, além da aprovação de Jobim.
Câmara
Com a vitória de Temer, o grupo comandado pelo deputado Eduardo Cunha (RJ) ganhou força nas disputas para ocupar as presidências das comissões temáticas mais importantes da Câmara. Pela composição do bloco que elegeu Temer, o PMDB tem na sua mão as primeiras doze escolhas das vinte comissões permanentes.
O site apurou que Cunha, ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quer ser o novo presidente da Comissão de Minas e Energia ou de Defesa do Consumidor. A primeira teria a chance de influenciar nos projetos do governo para a camada pré-sal de petróleo e no setor elétrico. Já a segunda tem nas mãos os projetos de lei de marcos regulatórios do setor elétrico e de telefonia.
Esse mesmo grupo de deputados do Rio de Janeiro do PMDB mostrou força ao conseguir emplacar o ex-governador do estado Moreira Franco na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, ainda em julho de 2007.
Cunha também emplacou, depois de pesada negociação política, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde na presidência de Furnas. Conde deixou o cargo, em setembro de 2008, com problemas de saúde. O peemedebista ficou no comando da empresa pouco mais de um mês e seu cargo ainda é cobiçado pela bancada do PMDB na Câmara.
Técnicos com o apoio do PMDB
"O PMDB não vai indicar mais ninguém para lugar nenhum. Isso não existe e o partido está satisfeito com o que foi tratado com o governo", afirma o deputado Eduardo Cunha. Ele também nega que queira ser presidente de qualquer comissão na Câmara. "Sou radicalmente contra um deputado ficar dois anos como presidente de comissão", esquiva-se Cunha.
Segundo o deputado, o seu partido também não quer reocupar os cargos deixados vagos no Banco do Brasil pelo ex-senador Maguito Vilela (GO) e em Furnas, pelo ex-prefeito do Rio. "Os dois cargos foram ocupados por técnicos de carreira que tiveram apoio do PMDB", explica o deputado fluminense.
Por enquanto, Cunha diz estar contente com a relatoria da MP 450/2208, que já está no plenário da Câmara. A medida provisória autoriza a União a participar do Fundo de Garantia a Empreendimentos de Energia Elétrica (FGEE). A justificativa do governo é que o fundo cria um mecanismo para financiar as empresas estatais do setor elétrico nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A oposição já está de olho na proposta, principalmente com relação ao inciso 1o do artigo 1°. O texto diz que "O FGEE terá "natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio dos cotistas".
E é justamente para essa briga que Cunha está escalado para defender o governo. Emenda proposta pelo líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), pretende retirar essa parte do texto da MP.
"A aplicação de recursos públicos em fundo privado representa uma aberração jurídica. A presente emenda visa a suprimir o caráter de natureza privada para o FGEE", pede Virgílio.
Senado
Assim como o deputado Eduardo Cunha, o ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (RN) mira a presidência de uma das principais comissões da Casa: a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O senador do Rio Grande do Norte quer fazer valer um relatório de sua autoria sobre marcos regulatórios aprovado, ainda em abril de 2008, por uma subcomissão da CAE para tratar do tema, mas que acabou não sendo votado pelo plenário da comissão comandada até o ano passado pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
No comando da CAE, Garibaldi quer ter o poder de sugerir a regulamentação dos setores de medicamentos e vigilância sanitária e de telecomunicações, não contemplados em seu relatório e que acabou engavetado no ano passado por Mercadante.
"Tudo resolvido"
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também disse, após a cerimônia de posse do ex-senador José Jorge no cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que as vitórias do partido na Câmara e no Senado não serão traduzidas em mais cargos para o PMDB. "Isso não vai acontecer. O PMDB vai agora é ajudar mais o governo. A relação é de uma parceria preferencial", disse Jucá aos jornalistas.
"Não é por causa do momento, mas no meu estado, por exemplo, está tudo resolvido", avalia o senador Valdir Raupp, ex-líder do partido no Senado ao falar ao site sobre cargos do partido no Executivo federal.
Segundo Raupp, as bancadas do PMDB no Senado e na Câmara tendem a andar cada vez mais unidades até 2009, ao contrário do início do governo. Naquela época, os pedidos de cargos, principalmente no segundo escalão, era pleiteados separadamente pelos dois grupos. "Sugeri ao Te
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