Prudência é a palavra de ordem na maioria dos dez partidos com parlamentares denunciados pela CPI dos Sanguessugas (leia mais). Quase todos decidiram esperar a avaliação do Conselho de Ética sobre cada caso para decidir a respeito da eventual expulsão de seus integrantes.
O pequeno e recém-criado PRB, do vice-presidente José Alencar (MG), foi o único que já decidiu negar legenda aos seus dois parlamentares acusados pela CPI de participação nas fraudes. Os deputados José Divino e Vieira Reis, ambos eleitos pelo Rio de Janeiro, não poderão disputar as eleições de outubro.
Outras duas agremiações anunciaram a abertura de processos internos contra os envolvidos: o PSB, que tem quatro deputados na lista dos denunciados pela CPI; e o PFL, que tem sete. A cúpula pefelista informou que a expulsão é o destino mais provável dos sete. Já o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, embora tenha determinado urgência ao Conselho de Ética do partido na análise dos casos, disse que os acusados terão amplo direito de defesa.
As duas legendas com o maior número de denunciados – PL (18) e PTB (16) – anunciaram que vão aguardar o fim das investigações no Congresso para decidir o que fazer. O PP ( que tem 13 acusados) vai esperar mais um pouco. Só punirá parlamentares depois da conclusão dos processos na Justiça.
No PT, não há decisão sobre o destino dos dois parlamentares envolvidos: a senadora Serys Slhessarenko (MT) e o deputado João Grandão (MS).
No PSC do deputado Pastor Amarildo (TO), o assunto será discutido na próxima semana. O presidente, Vitor Nósseis, disse que enquanto o julgamento não for concluído, o partido não tomará uma decisão.
O PMDB aguardará os desdobramentos do caso.
A Executiva Nacional do PSDB divulgou nota ontem dizendo que não há parlamentares da legenda entre os 72 parlamentares para os quais a CPI dos Sanguessugas recomendou abertura de processo de cassação na Câmara e no Senado.
O partido lembra que o deputado Paulo Feijó, do Rio de Janeiro, se desligou da legenda no dia 2 de agosto, após a Executiva decidir propor sua expulsão. O nome do parlamentar, no entanto, ainda consta na Câmara como integrante do PSDB.
Simon pede a cabeça de Suassuna
O senador peemedebista Pedro Simon (PMDB-RS) pediu ontem que o senador Ney Suassuna (PB), um dos parlamentares denunciados pela CPI dos Sanguessugas, deixe imediatamente a liderança do PMDB no Senado. Se Suassuna não atender o pedido, Simon promete iniciar um movimento na bancada para destitui-lo do cargo.
Simon acredita que a saída de Suassuna não será interpretada como confissão de culpa, mas como um gesto de preservação do partido, que garantirá ao político paraibano liberdade para se defender.
Para convencê-lo a deixar o cargo, Simon promete fazer, se necessário, um discurso da tribuna do Senado pedindo para que o senador se afaste. "Espero não ter que chegar a esse ponto", disse.
Acusados se defendem
Para o deputado João Correia (PMDB-AC), um dos 72 parlamentares acusados pela comissão, a CPI foi "covarde". Ele assegura que não existe nenhuma prova contra ele nem contra ninguém de seu gabinete. "Exceto a opinião de um bandido canalha", afirmou, referindo-se ao empresário Luiz Antônio Vendoin, sócio da Planam. "É uma pena que o Conselho de Ética não tenha poder de convocar esse bandido, para que eu o desmascare", lamentou.
Irritado por ter o nome na lista, o senador Magno Malta (PL-ES) reiterou sua inocência e disse que vai processar o relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). O parlamentar disse que não há provas que justifiquem seu envolvimento no escândalo. "Com todo respeito que tenho pelo relator, vou processá-lo criminalmente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF)", afirmou.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que a inclusão de seu nome "é uma condenação política e uma tentativa de linchamento sumário". Ela afirma que foi denunciada porque está disputando o governo do Mato Grosso.
"Existem muitos interesses e há muito medo, muita preocupação com a minha candidatura. Por isso, devem estar jogando todas as fichas contra. É uma mulher que desponta como liderança. Com toda a luta das mulheres no Brasil, uma mulher, mãe e professora ter a ousadia de enfrentar uma eleição para o estado é um pecado capital", declarou.
O deputado Dr. Benedito Dias (PP-AP), outro contra quem a CPI afirma ter provas de envolvimento com a máfia das ambulâncias, ressaltou que não foi ouvido pelo relator da comissão e acrescentou que vai apresentar provas de defesa no Conselho de Ética. "Vou me defender, e o povo, no dia 1º de outubro, vai me julgar", disse o deputado, acreditando na reeleição.
Benedito Dias recorreu a outro crime, o de caixa dois, para justificar a contribuição de R$ 40 mil que recebeu do empresário Luiz Antônio Vedoin em 2002. O deputado assumiu que a contribuição não foi declarada, mas não considera que essa conduta configure quebra de decoro parlamentar.
O deputado Wellington Roberto (PL-PB) foi outro que negou as acusações contra ele: "Eu acho um absurdo a atitude da comissão e do próprio relator de expor nomes de parlamentares fazendo um prejulgamento antes de haver o contraditório", reagiu.
Excluído da lista de acusados da CPI, o líder do PP na Câmara, deputado Mario Negromonte (BA), comemorou: "Embora tranqüilo durante todo esse período, não posso omitir a satisfação que tenho em registrar a definitiva exclusão do meu nome da lista de investigados pela CPI que apura as fraudes na compra de ambulâncias", afirmou Negromonte em nota.
Quem também respira aliviado é o deputado Nilton Baiano (PP-ES). Para ele, a comissão foi justa ao retirar seu nome da lista de denunciados. "Não era o caso de me notificar e muito menos de chegar à imprensa como se eu fosse um possível envolvido nesse grande esquema de corrupção que foi montado por essa empresa", disse. "Eu provei com documentação que não havia nenhum motivo para a CPI me incriminar, que eu não tinha nenhum envolvimento com isso", completou Nilton Baiano.
Deixe um comentário