Estamos a menos de um mês de um dos concursos mais disputados da história de Brasília. A concorrência para o concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), que vai selecionar 1,8 mil novos servidores, é tão alta que a cidade praticamente vai parar enquanto mais de 100 mil pessoas estiverem empenhadas, durante quase cinco horas, em responder as questões e elaborar a dissertação pedida pela banca examinadora.
A poucos dias da prova, é neste momento que vem a pergunta inevitável de todo candidato: o que fazer para passar? Minha resposta é que não existe uma fórmula única, perfeita e ideal para todos os candidatos. Já escrevi várias vezes sobre isso, sempre procurando mostrar que cada pessoa tem seu próprio método. O melhor, obviamente, é aquele que dá certo, mas o que pode funcionar perfeitamente para um candidato, para outro pode não trazer bons resultados e – pelo contrário – terminar em frustração.
Há, contudo, algumas atitudes que todo candidato realmente determinado a se tornar servidor público deve tomar, para fazer a prova com chances reais de aprovação. Eu pensava a respeito disso quando deparei com duas histórias exemplares de sucesso em atividades esportivas. Elas vêm a calhar para motivar os milhares de concurseiros que vão pleitear uma vaga no TJDF dentro de três semanas. É o exemplo de duas pessoas que se tornaram vitoriosas graças a um esforço excepcional. Em comum, o segredo do sucesso: dedicação total à causa que abraçaram.
A primeira história é a do lutador de MMA – Artes Marciais Mistas (Mixed Martial Arts) – José Aldo. Campeão mundial dessa modalidade de luta no UFC (Ultimate Fight Championship), Aldo está entre os três melhores lutadores da categoria peso-leve do MMA mundial. Não vou falar sobre o desempenho esportivo dele, mas sobre a odisseia que ele passou até chegar ao topo do ranking nessa que é uma das modalidades esportivas mais violentamente competitivas que existem.
Basta ver José Aldo em ação para entender que ele nasceu para ser campeão. Todavia, se eu o encontrasse na rua momentos antes de ele entrar no ringue, não acreditaria que aquele o homem fosse quem é. Com apenas 27 anos de idade, baixinho de menos de 1,70m, José Aldo parece mais um trabalhador braçal do que um desportista. Ele não é um cara charmoso, nem bonito; ao contrário, tem o rosto marcado por uma estranha cicatriz. Apesar disso, quando sobe ao ringue e encara os adversários, o olhar do lutador tem algo de magnético, hipnótico mesmo, que faz os rivais desviarem os olhos para não encará-lo.
Esse é o José Aldo que o público conhece. Mas existe uma história de vida impressionante no passado desse homem, que saiu do nada, do zero absoluto, para se tornar o campeão que é hoje. E isso só aconteceu porque ele colocou na cabeça que não tinha alternativa a não ser vencer todos os adversários que se interpusessem entre ele e o título mundial. Foi exatamente o que fez. Para isso, teve de se submeter a dormir no chão da academia onde treinava durante o dia. Depois que todo mundo saía, varria o tatame, sobre o qual dispunha um colchonete. Era ali que passava a noite, até começar toda a rotina de trabalho e treinos no dia seguinte. José Aldo só conseguiu sobreviver porque teve um amigo que dividia com ele os R$ 200 que recebia de um patrocinador para comprar comida.
Imagine o que foi esse início do hoje campeão José Aldo! Ele, no entanto, tinha um sonho, e foi isso que o manteve firme, até alcançar seu objetivo, em 2010, com a conquista do título mundial.
A saga de José Aldo me levou ao passado, quando enfrentei também as adversidades da vida de rapaz pobre para poder estudar e me preparar para concursos públicos. Houve uma época em que cheguei a dormir num trailer, de favor também, tal como José Aldo. Mas o lutador ainda tinha uma vantagem em relação a mim: a academia onde ele passava as noites estava sempre no mesmo lugar. Ali, no tatame, ele tinha um cantinho garantido para dormir. Já eu às vezes era obrigado a dormir no chão, quando o trailer ia para outro lugar e me deixava na rua. E não dava para ir para casa, pois não existia condução, tal como acontece ainda hoje nas madrugadas de Brasília, em muitas localidades, apesar de a cidade ser a capital da República. O sufoco era grande, mas não me impediu de continuar na busca por meu sonho, que era vencer o desafio dos concursos públicos, o que acabei conseguindo por oito vezes, para depois me tornar um educador e especialista nessa área tão importante para o país.
Não bastassem esses dois exemplos, quero falar ainda de outro personagem, consagrado no mundo do tênis como o maior mestre de todos os tempos, construtor de campeções desse esporte como nenhum outro conseguiu até hoje. Refiro-me a Nick Bollettieri, norte-americano que, na verdade, se chama Nicholas James e conta com 81 anos de idade, oito casamentos e cinco filhos. Ele é o dono da principal academia de tênis do planeta, um complexo esportivo com milhões de metros quadrados e mais de cinquenta quadras de tênis, de onde já saíram dez atletas que se tornaram número um do mundo no mundo das raquetes: Andre Agassi, Pete Sampras, Venus e Serena Williams, Marcelo Ríos, Boris Becker, Jim Courier, Martina Hingis, Monica Seles e Maria Sharapova. Além desses, Bollettieri preparou centenas de outros atletas que se destacaram pelas quadras do mundo no ranking dos melhores tenistas mundiais.
Bollettieri também começou pratricamente do zero. Só aprendeu a jogar tênis na faculdade, e, mesmo assim, muito mal. Tanto que, quando resolveu se tornar professor, mal conhecia alguns fundamentos do esporte. Vocês podem não acreditar, mas a ignorância dele era tanta que o jeito era pedir para a então primeira das oito esposas, Phyllis, perguntar aos outros técnicos quais eram os tipos de empunhadura usados no tênis. Mas isso foi no começo. Mais tarde, aplicando a rígida filosofia de trabalho que aprendeu no Exército, Nick obteve sucesso. Hoje, cada aluno de sua academia paga a bagatela de US$ 60 mil por ano (cerca de R$ 120 mil) e tem de se submeter a treinamento diário e em tempo integral, no qual a competitividade é estimulada a todo o momento com disputas entre os alunos.
Há quem critique os métodos do professor. Entre eles está Andre Agassi, um dos seus pupilos mais famosos. O ex-número um do mundo diz que o regime na academia de Nick é comparável ao de uma prisão. Insatisfeito, criou sua própria escola de tênis, cuja filosofia é completamente diferente da que norteia o trabalho de Bollettieri. Este, obviamente magoado, saiu-se com uma resposta irônica: “Da minha academia já saíram dez número um do mundo. Vamos ver quantos sairão da dele”.
O que explica o sucesso de Nick Bollettieri, porém, não são apenas a rígida disciplina e os duros métodos de treinamento, que incorporam a última palavra em tecnologia ao dia a dia dos alunos. O segredo, para mim, está na explicação que ele próprio dá para o tenista se tornar um campeão: “Aqui, eu não quero quem chegue dizendo que quer ser apenas um bom tenista. Para treinar comigo, tem de desejar ser o melhor do mundo”.
É essa filosofia de vida e de trabalho que você, concurseiro, precisa incoporar para garantir o seu lugar no pódio dos concursos públicos. Não basta apenas concorrer a uma vaga; é preciso ser o melhor entre todos os concorrentes. Só assim, você estará a caminho de conquistar o seu
FELIZ CARGO NOVO!
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