O técnico agrícola Giovani Cherini (PDT-RS) foi eleito na semana passada presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Com trajetória política ambiental considerada tímida e forte vínculo com o setor agropecuário, o gaúcho comandará uma das mais importantes comissões da Casa, num contexto de acirrada disputa entre desenvolvimentistas e preservacionistas.
Agricultor e filho de agricultor, Giovani Cherini se autodefine como pequeno produtor, cooperativista e sindicalista. Diz ter como marca de atuação o diálogo e acredita que, na polarizada disputa entre ambientalistas e ruralistas no Congresso, conseguirá encontrar o melhor caminho, que será o caminho do meio entre preservação ambiental e produção rural.
Cherini irá presidir uma comissão que tem sido palco de fortes contendas. Será coordenador de um grupo formado por parlamentares muito dispostos a aumentar as faíscas do debate ambiental. Do lado ruralista, nomes como o catarinense Valdir Colatto (PMDB), ex-presidente da bancada do agronegócio, e Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (mesmo partido e estado), presidente da Confederação Nacional da Agropecuária (CNA). Do lado ambientalista, os não menos polêmicos Sarney Filho (PV-MA) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
O deputado gaúcho chega num momento em que o novo Código Florestal, norteado pelo polêmico projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), domina a pauta ambiental do Congresso. Sobre o tema, Cherini defende e considera um avanço a dispensa de reserva legal para áreas de até quatro módulos proposta defendida com unhas e dentes por ruralistas e contestada veementemente por ambientalistas. O gaúcho defende ainda a expansão da fronteira agrícola, ainda que acredite que a agricultura e pecuária precisam investir em ganho de produtividade.
Na atuação ambiental, a participação política de Cherini é considerada pouca expressiva. O gaúcho é autor, por exemplo, da lei estadual que institui o programa de educação ambiental no Rio Grande do Sul (Lei 11.730/02), mas é pouco lembrado por isso. Cherini é mais conhecido pelo polêmico projeto que instituiu no estado o uso de tornozeleira eletrônica para presidiários e pela Lei do Churrasco e do Chimarrão, do que por qualquer proposta verde.
Uma bandeira ambiental relevante, no entanto, deve chamar a atenção de ambientalistas: Cherini foi autor da lei que proibiu a produção e comercialização de produtos à base de amianto no Rio Grande do Sul (posteriormente derruba pela Justiça local). Agora, na Câmara, Cherini terá a árdua responsabilidade de pautar a votação do relatório intitulado Dossiê Amianto Brasil, que já teve a apreciação da matéria adiada por sete vezes, debaixo de forte lobby da poderosa indústria do amianto. É aguardar, para ver.
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