Cláudio Versiani, de Nova York*
O Alasca é o lugar mais bonito do mundo. Ou, pelo menos, do mundo que eu conheço. Conhecer o Alasca era um sonho da adolescência. O fim do mundo, “A Corrida do Ouro”, de Chaplin, e as fotos da Life e da National Geographic foram a inspiração.
Maú, minha mulher, queria conhecer São Francisco e Vancouver. Saímos de Vancouver para Anchorage. A viagem, em si, já vale a pena. É só um aperitivo do que pode ser uma semana no Alasca.
Anchorage, a capital do estado, é uma cidade sofisticada com bons hotéis e ótimos restaurantes. O Alasca tem quase 600 mil habitantes e Anchorage anda pelos 280 mil. Em julho, no verão, pode-se andar de bermuda e camiseta pelas ruas da cidade, que tem ursos na rua e baleias nos muros.
O Alasca é destino turístico mundial e, principalmente, norte-americano. A cidade fica lotada no verão. No dia 21 de julho o dia dura quase 21 horas, isto é, o sol só desaparece por três horas. Contando que há um pouco de luz entre a hora em que o sol aparece e a hora em que ele se esconde, pode-se dizer que o dia dura 24 horas. O verão por lá é tempo de fazer dinheiro. Vaga em hotel, lugar em restaurante e alugar um carro são coisas difíceis de se conseguir. No inverno a situação se inverte.
O primeiro destino é a geleira Prince William Sound. De Anchorage pegamos um trem para a geleira. Novamente a viagem em si é como se fosse o destino. No Alasca cada segundo conta. A paisagem agarra seus olhos e não dá um minuto de sossego. Lá ter dois olhos é pouco para tanta beleza. Entre os vagões há um espaço grande para os turistas apreciarem a vista. Pensei que viajaria sentado todo o tempo. Não sentei, só fotografei.
Há duas opções de passeio pelas geleiras. Na verdade, há centenas, mas as duas mais famosas e com mais infra-estrutura são a William Sound e a Baía de Valdez. Para vida animal – baleias, principalmente – Valdez é a melhor, mas o mar costuma ser agitado. Para ver geleiras e um pouco de animais, William Sound é a escolha.
É hora de voltar para Anchorage.
Da capital, seguimos para o norte, em direção ao Pólo e em busca do Denali Park, aonde está o Monte McKinley, o mais alto da América do Norte com 6.200 metros. A estrada que leva ao parque é recente e super bem cuidada, aliás, como tudo no Alasca. O estado tem uma infra-estrutura turística impressionante. E mais uma vez a viagem é o próprio destino. A cadeia de montanhas corta o Alasca no sentido norte sul. Viajar com as montanhas ao lado é um privilégio dos bons.
Entramos em Talkeetna, uma cidadezinha perdida no fim do mundo e com cara de Woodstock. Gente que passou por ali e foi ficando.
Seguimos para o Denali. O parque é enorme, uma grande área no meio do Alasca e com várias restrições e muitas normas. De carro só se pode andar 25 km. Uma estrada asfaltada que acaba numa cancela. A partir daí só em ônibus do próprio parque e por estradas de terra. São vários os passeios possíveis. Escolhemos um de oito horas, saindo às 11h da manhã. Luz não é problema no verão do Alasca. Pelo contrário, é solução e perdição para um fotógrafo.
O McKinley aparece ao longe. Dale, o motorista do ônibus, diz que a montanha vive encoberta e que a visão é um presente especial para mim. Eu acredito.
O Denali é habitat de várias espécies de fauna e flora. Um paraíso quase intocado pela mão do homem, este ser destruidor por natureza. Escrever sobre o Alasca é falar sobre o lugar comum ou se utilizar de chavões. Mas não me ocorre outra coisa senão dizer que a estrada do parque está no topo do mundo. A visão é esplêndida. Deixo a fotografia falar por si.
E o que dizer da mamãe ursa passeando com seus dois filhotes? Um espetáculo.
Andamos um pouco mais e Dale, o motorista, já é meu chapa. No começo da viagem, era obrigatório ficar sentado. Agora me movimento de um lado para outro dentro do ônibus. Dale vibra com a minha vibração e vai me mostrando as fotos. Finalmente o Mckinley aparece por inteiro. Dale repete que é mais um presente. Eu aceito de bom grado.
Do Denali vamos para Fairbanks, a cidade mais antiga do Alasca e onde tudo começou. Fairbanks e o Alasca se desenvolveram quando se descobriu o vil metal, para escrever mais um chavão. Tentamos dormir um pouco, o dia seguinte é a viagem de volta para Anchorage. São mais de 600 km pela frente. Dormir no verão do Alasca é um problema. Ameaça escurecer por volta de meia-noite e às 3h da manhã o dia começa de novo. Fairbanks é uma cidade que se parece com as da Rota 66. O lugar parou nos anos 50, ou boa parte da cidade assim é.
De Fairbanks para Anchorage escolhemos outra estrada. Antiga e só usada por locais. Os turistas trafegam pela nova, que oferece melhores condições. Mas nossa escolha foi acertada, a Richardson, como é conh
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