Nos anos 1980, a chamada década perdida, enquanto na Inglaterra a primeira-ministra Margaret Thatcher operava a chamada “desregulamentação da economia”, varrendo do mapa suas empresas estatais, o Brasil reagia ao desmonte do Estado para manter a Petrobrás e a Telebrás e investir nos seus centros de pesquisa.
Esses centros de pesquisas, como o CPqD, em Campinas, permitiram que o país instalasse um parque industrial de ponta, com financiamento, produção, estímulo com ênfase no desenvolvimento científico-tecnológico. Na contramão daquele período histórico, eles foram decisivos para alargarmos o caminho da inovação.
Em meio à maior crise do mundo ocidental desde a Segunda Grande Guerra, estamos hoje mais uma vez na contramão dos ensinamentos e das ações dos dirigentes das maiores economias do mundo. E novamente com receita própria, vamos escapando do nevoeiro e conduzindo nosso barco a um porto seguro.
Enquanto a Europa e os Estados Unidos tentam matar a crise que os consome com o mesmo veneno neoliberal com que a criaram, com medidas fiscais restritivas que conduzem à estagnação econômica e ao desemprego, o Brasil aplica um receituário oposto, que privilegia o crescimento econômico e a geração de empregos.
É por isso que estamos passando ao largo da crise, desde que ela se instalou nos Estados Unidos, em 2008, com a questão do subprime que levou à quebra do Lehman Brothers, até ela se espalhar pela Zona do Euro expondo a fragilidade fiscal de grandes economias cegamente guiadas pelas leis do mercado.
Essa condução segura da economia brasileira foi novamente reconhecida pelos principais fiscais das economias das nações, as agências que avaliam o risco soberano dos países. Pela terceira vez este ano, agora por meio da Standard & Poor’s, o Brasil teve sua nota de crédito aumentada de BBB – (menos) para BBB.
De olho fixo no terremoto que está abalando as economias da Europa e dos Estados Unidos, e de certa forma com receio dos seus efeitos no Brasil, não estamos percebendo a importância dessa distinção da nossa economia pelas agências que acompanham com lupa o desempenho da economia internacional.
Depois da Fitch e da Moody’s, as primeiras agências de risco a reconhecerem a capacidade da economia brasileira de saldar seus compromissos, a Standard & Poor’s certifica que o Brasil é um país seguro para investimentos e diz que o aumento da nota reflete as políticas econômicas adotadas pelo Governo Dilma.
E como a confirmar essa assertiva, esta semana, na Bahia, a Basf, grande empresa alemã do ramo petroquímico, anunciou R$ 1,2 bilhão de investimento na planta do chamado pólo acrílico, para produzir uma matéria-prima a ser muito utilizada pela Braskem, uma das maiores empresas do ramo químico do mundo.
Ao confiar esse volume de investimentos no Brasil, no momento em que as maiores economias do mundo se dissolvem no ar, a Basf demonstra seu reconhecimento pelos acertos da nossa política econômica. E é por isso que as agências de classificação de risco se rendem a mais esse momento da economia brasileira.
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