Minhas amigas, meus amigos.
Esta semana, quero passar para vocês algumas dicas muito importantes para aumentar a concentração nos estudos e a memorização da matéria vista em sala de aula. Todos sabem que a capacidade de se concentrar e de memorizar conteúdos faz toda a diferença no desempenho em concurso. Para vocês entrarem no grupo das pessoas dotadas de tal capacidade, precisam primeiro entender o funcionamento dessa “máquina” maravilhosa que controla toda a nossa área cognitiva: o cérebro.
Em geral, conhecemos muito pouco sobre nosso cérebro. Por exemplo, sabiam que ele representa 2% do peso do corpo e consome 20% das calorias que o organismo gasta diariamente? Vocês faziam ideia de que ele é constituído de 78% de água? Aliás, essa é uma das razões por que precisamos beber grande quantidade do líquido ao longo do dia. Se uma pessoa ficar sem consumir o que os antigos chamavam de “precioso líquido” por três a cinco dias, entra em choque e morre. Surpresos? Pois eis aí a primeira dica, para que vocês aproveitem ao máximo a capacidade de acessar os conhecimentos adquiridos e de processá-los devidamente: bebam bastante água; hidratem-se!
A segunda lição é a seguinte: o nosso cérebro aprende com repetição. A memória, se for treinada, se desenvolve; se for esquecida, atrofia. Como isso funciona? Explico. Segundo os pesquisadores do cérebro, está cientificamente comprovado que 5% da nossa memória residem no consciente e 95% dela estão no inconsciente. Quando a pessoa recebe informações, é nesses 5% que elas são processadas. Mas é à noite que a nossa mente faz o “download”, ou seja: pega o que é importante, joga na memória de médio e longo prazo – que está na região do córtex cerebral – e descarta o que não tem importância.
Não à toa, caras e caros concurseiros, é tão comum professores e psicólogos recomendarem que o aluno, depois de assistir a uma aula ou após ler algum material, faça imediatamente um resumo ou um mapa desse conteúdo e o revise antes de se passarem 24 horas. Seguindo esses passos, o estudante favorece o registro do conhecimento na memória de longo prazo. Assim, no chamado “Dia D” – o dia da prova –, ele pode buscar essas informações lá no fundo desse “baú” que está dentro de sua cabeça.
É por causa dessa atividade do cérebro que o educador búlgaro Georgi Lozanov, criador da Sugestopedia na década de 1960, falava que, antes de a pessoa entrar numa rotina intelectual, de estudos ou de leitura, tem de preparar o cérebro. Mas como fazer isso? Aí vai outra dica. Feche os olhos, controle a respiração por 5 a 10 minutos e ouça música barroca, que tem de 60 a 70 ciclos por minuto, para entrar em “estado alfa”. Esse estado de vigília e relaxamento é propício ao aprendizado. Lozanov demonstrou que, aplicando essa simples técnica, é possível melhorar o aprendizado em até 70%. O educador garantia que, ao adotar essa e outras técnicas da sugestopedia, uma pessoa é capaz de aprender 1,2 mil palavras de um novo idioma por dia. Note que grandes escolas que ensinam o idioma inglês prometem a assimilação de apenas 200 palavras por dia pelos seus métodos.
Nesse contexto, vou ensinar dois exercícios que podem ser de grande utilidade para quem que está na estrada dos concursos e sente alguma dificuldade no aprendizado, sobretudo por não conseguir guardar na memória de longo prazo as informações das aulas ou das leituras. Essa é uma angústia que sempre me relatam nas palestras que apresento ou por emails, em geral enviados pelos concurseiros de plantão, apreensivos em razão da grande quantidade de conteúdo que precisam reter até o dia da prova.
Uma das técnicas para memorizar o conteúdo com mais facilidade é a seguinte: feche os olhos e, sempre controlando a respiração, imagine, do lado esquerdo, números e, do lado direito, letras. Simples, assim: 1, 2, 3, 4, 5… A, B, C, D, E. A técnica consiste em associar números e letras – 1A, 2B, 3C, 4D, 5E – até o número chegar ao final do alfabeto – número 26 e a letra Z. Esse exercício deve ser feito todos os dias. Logo você percebe como aumentou o seu poder de concentração. E em pouco tempo a técnica terá se tornado tão fácil e agradável, que você poderá até inverter a ordem dos fatores, que, como se sabe, não altera o produto: do lado esquerdo letras, do lado direito números. O importante é que o resultado final será sempre o mesmo: o aumento do poder de concentração e mais rapidez para buscar as informações arquivadas no córtex cerebral. Sem contar o aumento da capacidade de associar informações.
Outro exercício bastante útil: sente-se confortavelmente e, também de olhos fechados, inicie uma contagem regressiva, de 100 a 1. Não pode errar, sob pena de ter de recomeçar a contagem. Repita o exercício várias vezes ao dia, durante cinco dias, contando da seguinte forma: de 100 a 1, de 50 a 1, de 25 a 1, de 10 a 1, de 5 a 1.
Quero deixar claro que esses exercícios não foram inventados por mim. Não sou eu que estou falando, mas a ciência. Trata-se do resultado de pesquisas científicas realizadas por estudiosos. Os benefícios dessas técnicas ficaram comprovados em testes realizados em laboratório com “cobaias” humanas. As conclusões foram relatadas em congressos e publicadas em artigos de revistas especializadas mundo afora.
Essas pesquisas consolidam minha opinião de que a pessoa que pretende passar em concurso público não pode estudar de forma desorganizada, sem planejamento, nem que tenha todo o tempo do mundo. Se o candidato não estiver preocupado com fatores como concentração, relaxamento, técnica, organização, oxigenação do cérebro, alimentação, sono, hidratação, não vai conseguir reter todas as informações de que precisa nem, no “Dia D”, se lembrar de todas elas.
Por fim, quero dar uma dica para combater um mal de que os concurseiros tanto se queixam: o famoso “branco” na hora da prova, aquela desagradável constatação de que não consegue resgatar do fundo da memória as informações que aprendeu. Existe uma técnica bem simples para evitar o problema. Sugira ao seu cérebro: “Eu não me lembro agora, mas vou me lembrar em alguns segundos.” Ao receber essa “sugestão”, o cérebro trabalha para buscar a informação que a pessoa quer. Logo vem à mente o nome, a frase ou o dado que fora esquecido temporariamente, devido à tensão da prova.
Tudo isso, me traz à memória – olha aí o cérebro resgatando a memória de longo prazo – um pensamento de Confúcio, o sábio chinês que nos deixou um legado maravilhoso de lições de vida: “O que ouvimos, esquecemos; o que vemos, lembramos; e o que fazemos, aprendemos.” Em outras palavras: ouço, esqueço; vejo, entendo; faço, aprendo. Isso significa que fazemos bem aquilo que praticamos, que treinamos. Ou, como dizia Aristóteles, na Grécia antiga: “A excelência não é um feito, mas é um hábito”.
Então, concurseiras e concurseiros que me leem: o segredo para a aprovação é treinar, treinar, treinar. Quando cansarem, continuem treinando. Só assim vocês alcançarão o grande objetivo que se propuseram conquistar e que, sem dúvida alguma, haverão de merecer, com a conquista do seu… feliz cargo novo!
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