Márcia Denser
Coluna passada, prometi abordar detalhadamente as estratégias de manipulação da mídia utilizadas pelas elites para manter o controle sobre a opinião pública e como promessa é dívida, ei-las.**
A estratégia do besteirol
(É o antiquíssimo Febeapá, detectado por Stanislaw Ponte Preto ou Sérgio Porto, o Festival de Besteiras Que Assolava O País desde a década de 60, que eu me lembre sem pesquisar muito e recuar ainda mais. Porque as manobras de controle são mais velhas do que andar para trás, apenas se renovam na aparência). Consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e mudanças fundamentais decididas pelas elites políticas e econômicas mediante a técnica do dilúvio de besteirol, inundando-se a programação diária com todo o tipo de entretenimento e informações irrelevantes tipo big brother, luciana gimenez, gols da rodada, ratinhos, talk shows etc. Visa impedir que o público se interesse por informações essenciais nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética. Pois é preciso manter o povão distraído, longe dos verdadeiros problemas sociais, mantê-lo ocupadíssimo com bobagens, sem nenhum tempo para pensar. São as “armas silenciosas para guerras tranqüilas”.
A estratégia do “você decide”
Cria-se um problema, uma situação que provoque uma forte reação do público, de forma que este pareça o mandante de medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo, permitir o aumento da violência urbana e/ou ensejar a execução de atentados sangrentos, para que o povo vote por leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Vide a política da “justiça infinita” do Bush pós-11 de setembro, interna e externa. Ou criar uma crise econômica para fazer aceitar como mal necessário o retrocesso de direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos, o que, sem dúvida, nos leva ao próximo passo.
A estratégia da degradação
Para que se aceite o inaceitável, é preciso que algo se degrade progressivamente ao longo do tempo, digamos, uns dez anos. É dessa forma que condições socioeconômicas radicalmente novas, absurdas e desumanas foram impostas nas décadas de 80 e 90: desemprego em massa, precariedade, informalização, flexibilidade, reassentamentos, salários baixos – mudanças que teriam provocado uma revolução se fossem aplicadas de forma brusca.
A estratégia da mediocrização
Pregar a incapacidade do povão em compreender as tecnologias e os métodos usados para o seu controle e sua escravidão. Na linha: a qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância entre as superiores e as inferiores se torne intransponível.
Ou seja: mais um pouco e temos um sistema de castas, como na Índia, todas incomunicáveis entre si – é o que chamamos de uma sociedade estática! Sem mobilidade de classes, sem possibilidade de ascensão ou trânsito entre elas, donde decreta-se a morte do cidadão por asfixia social! Mas isso se contorna, promovendo-se a complacência na mediocridade, isto é, que o povão considere legal todo aquele que é estúpido, vulgar e burro. Dele será o reino dos céus.
Porque o desta terra, advinha de quem é, cara pálida?
Próxima coluna, o volume III (Kill Bill tem mágoa!), as últimas estratégias e sua razão de ser.
** Fonte: http://perso.wanadoo.fr/metasystems/ES/Manipulations.html
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