Renata Camargo e Edson Sardinha
Com nove irmãos envolvidos na política ? todos filiados ao PT ?, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) faz parte de uma das mais poderosas famílias da política paulista, com representantes nas três esferas do Legislativo. Irmão do vereador de São Paulo Arselino Tatto (PT) e do deputado estadual Enio Tatto (PT-SP), Jilmar considera que, em São Paulo, resquícios de oligarquia não preponderam. Embora existam, avalia ele, em uma parcela do estado, uma certa perpetuação de famílias no poder.
A família Tatto veio do Rio Grande do Sul e do Paraná para a zona sul de São Paulo no final da década de 1960. Jilmar conta que a relação da família com a política se deu por meio das Comunidades Eclesiásticas de Base (CEB), da Igreja Católica. ?No final dos anos 70 e início dos anos 80, se deu a reabertura política e os movimentos da Igreja. Tivemos participação no movimento popular e, a partir daí, fizemos parte da formação do Partido dos Trabalhadores, ajudando a fundar o PT. Minha família não tinha relação política nenhuma anteriormente?, relembra.
Apesar da força política do clã Tatto em São Paulo e das ricas campanhas eleitorais, o deputado afirma que não há um projeto político ?familiar? e que os irmãos atuam como ?militantes políticos? cada um em sua área de atuação. ?Cada parlamentar tem a sua atividade política, a sua agenda, faz as suas reuniões e seus trabalhos. O nosso projeto, o meu projeto, o projeto do Arselino, o projeto do Enio, são um projeto partidário, um projeto positivo. Não são um projeto familiar?, diz.
Sexto deputado mais votado do estado, o parlamentar exemplifica que, nas eleições de 2010, não teve votos expressivos na região em que o vereador Arselino, o mais antigo irmão na política, tem força eleitoral. ?Na capital, onde Arselino atua, eu não tive votos. Ele atua mais na zona sul de São Paulo, e eu tive mais votos na zona leste. Minha atuação independe disso. Não temos essa relação de juntar a votação familiar. Cada um tem sua agenda, seu ritmo, suas características?, afirma.
Para o parlamentar, o eleitorado de São Paulo valoriza mais a ?identidade própria? do político, do que sua origem. Na avaliação de Jilmar, os tradicionais resquícios da oligarquia ? com grupos sociais dominando cultural, política e economicamente uma localidade ? não é ?tão gritante assim? no estado paulista. O petista, no entanto, reconhece que isso ?existe em uma parcela do estado?.
?Eu sei que é comum você ver o pai político, que coloca o filho para ser político, mesmo que seja um filho que não tem militância, que não está nem aí para a política. Sei que é comum. Mas aqui no estado de São Paulo talvez seja um pouco diferente de outras regiões, então isso não é tão gritante assim?, avalia. ?Mas isso aqui existe em uma parcela. Mas não vejo isso como algo forte. O eleitor aqui se comporta de outra maneira. Aqui, ou o cara tem identidade própria ou o eleitor pega e lima?, disse Jilmar, citando o fato de nomes fortes de São Paulo não terem parentes na política, como Fernando Henrique Cardoso, Paulo Maluf e Eduardo Suplicy.
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