A situação atual da economia brasileira não é muito diferente de situações pelas quais já passamos há não muito tempo. As soluções dadas para as crises de 1999, 2003 e, mais recentemente a de 2008, foram basicamente medidas de curto prazo sem as reformas estruturais que permitissem a retomada do crescimento de forma sustentável. O desequilíbrio fiscal dos últimos anos decorre, em boa parte, dos excessos e erros da política econômica dos últimos seis anos, o que implica em um aumento dos gastos públicos em taxa superior relativamente ao crescimento da renda nacional.
As reformas estruturais, além das medidas de curto prazo, necessárias para a retomada sustentável do crescimento do país exigem vontade política. Isso, porque paralelamente à crise econômica estamos vivenciando uma grave crise política, que é ainda mais profunda, o que impede ou atrasa a implementação de medidas que pretendem dar ao país um crescimento mais seguro.
A crise econômica afeta a todos os setores. Obviamente que chega mais rapidamente a alguns e demora um pouco mais para atingir outros segmentos, mas atinge a todos em determinado momento. Um cenário de inflação associado a um quadro de recessão, persistindo por um longo período de tempo, não livra, em teoria, nenhum setor de sérias dificuldades.
As soluções para o país sair da crise econômica são conhecidas: (i) ter um orçamento equilibrado a partir da estabilidade fiscal, (ii) buscar a retomada da demanda com uma moeda estável, definir uma política de investimentos com regras firmes e taxas de juros de longo prazo mais baixas, com consequente redução das taxas de juros de curto prazo, (iii) proporcionar condições para investimento em infraestrutura, no mercado de trabalho, na saúde, educação, entre outras.
Normalmente o que se espera é que a partir de um objetivo comum exista consenso e bom senso na condução do projeto. As etapas a serem superadas precisam ser colocadas de forma transparente e conduzidas de forma que toda sociedade tenha ciência das dificuldades e dos avanços alcançados.
Em função do que se viu em 2015 espera-se para 2016 mais um ano de fortes dificuldades se a crise política persistir. Quanto mais rápido tivermos uma solução para a questão política, mais rápido teremos uma indicação de como se dará a retomada da economia. Poderá ser de forma a buscar ciclos de crescimento mais duradouros ou por soluções de curto prazo, que já vimos não ser o caminho mais adequado.
Quando não se tem uma visão clara dos riscos inerentes a qualquer atividade econômica, a indústria não investe e prejudica o crescimento futuro, o comércio eleva os preços de seus produtos como forma de proteger a reposição de seus estoques em função da inflação, as pessoas não consomem, porque têm medo de perder emprego e renda.
Havendo uma solução para a crise política, que permita uma solução técnica para a crise econômica, a confiança volta e esse quadro mudará. Se a solução dada para os problemas econômicos for puramente para atender interesses políticos eleitoreiros veremos mais do mesmo. O ciclo de crescimento terá, mais uma vez, um horizonte de curto prazo e depois um alto preço a pagar.
Silvinei Toffanin é diretor da DIRETO Contabilidade, Gestão e Consultoria, empresa há mais de 18 anos no mercado atendendo companhias dos mais variados portes em todos os setores.
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