Manaus sediou, de 24 a 26 de março, o 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade. Foi o marco da questão que povoa o cotidiano dos amazônidas e que não quer calar: se o carbono armazenado na Floresta Amazônica representa um grau centígrado a menos no aquecimento global, nos próximos dez anos, como isso pode beneficiar as populações caboclas da região?
O Fórum contou com o 42º presidente dos EUA, Bill Clinton, o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, o fundador do Grupo Virgin, Sir Richard Branson, o senador e ex-governador do Amazonas Eduardo Braga e o atual governador do Estado, Omar Aziz, entre outros.
O mundo desenvolvido comemora os progressos brasileiros contra o desmatamento na Amazônia. O Amazonas se destaca nesse item ao manter, segundos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 98% da floresta preservados. É um dado que avulta em eventos como esse.
O governo do Amazonas e as demais autoridades de nosso estado, porém, estão cada vez mais conscientes de que a preservação aconteceu por absoluta falta de força de desenvolvimento do Brasil. Tivesse o País os recursos necessários ou visão administrativa diferente, ao longo da história, e, no mínimo, as terras irrigadas das várzeas amazonenses ocupariam o lugar do cerrado como grandes produtoras mundiais de grãos. Daí ao crescimento das cidades e o avanço sobre a floresta seria um passo.
Não ocupar as várzeas irrigadas, tão férteis quanto as do Nilo, significou relegar a população local à pobreza, mas acabou sendo inesperado e gigantesco passo para a preservação da floresta.
Hoje, quando o Brasil atinge outro patamar econômico e a consciência ambiental mudou, o uso das várzeas sem atingir a floresta é possível, desde que sejam oferecidas as condições para que a fiscalização esteja equipada e capaz de conter os grandes pecuaristas e agricultores, de prontidão nos estados vizinhos para ocupar esse espaço.
Até quando o mundo poderá prescindir de tão vastas e férteis terras agricultáveis, às margens dos maiores rios do planeta?
Tanto o governador Omar Aziz quanto o senador Eduardo Braga foram enfáticos em pedir aos participantes que ajudem a oferecer ao povo amazonense vantagens pela renúncia à exploração da floresta. Todos se comprometeram nessa tarefa, com especial ênfase Clinton e à sua William J. Clinton Foundation.
Esse é o caminho que o Amazonas e o Brasil precisam trilhar.
O primeiro passo, a defesa do Pólo Industrial de Manaus (PIM), parece estar assegurado com a posição da presidente Dilma Housseff, que mostrou, em Manaus, em recente visita, estar disposta a prorrogar os incentivos fiscais do modelo por mais 50 anos.
A mão-de-obra empregada no distrito industrial da capital amazonense estaria quase toda voltada para a exploração da floresta amazônica, caso o modelo não existisse.
O Fórum Mundial de Sustentabilidade prepara agora a terceira edição, em 2012, quando estarão em Manaus personalidades como Mikhail Gorbachev, comandante da Perestroika, a abertura política na União Soviética que pôs fim à Guerra Fria, e o Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete.
Vamos fortalecer esse debate até lá.
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