Luiz Gonzaga Bertelli *
Durante a revolução industrial, que se iniciou em meados do século XVIII, com a substituição dos processos artesanais pela manufatura, e da segunda revolução, já no século XIX, que implantou equipamentos mais sofisticados para os processos de produção, a preocupação da substituição do homem pela máquina já estava presente nas discussões. Surgiu na Inglaterra, até mesmo o movimento ludista – pessoas contrárias ao avanço tecnológico pelo temor da substituição da mão-de-obra humana. Os ludistas chegaram a invadir fábricas e quebrar equipamentos, culpando-os pelo desemprego e pelas péssimas condições de trabalho da época.
Trazendo essa discussão para os dias atuais, é bem provável que ainda existam pessoas que se posicionam contras os avanços (mais pacificamente, é claro), acreditando que o desenvolvimento da tecnologia prejudica a oferta de emprego. No entanto, a evolução da humanidade mostra que a utilização de máquinas, nos séculos XVIII e XIX, para alimentar a indústria trouxe muitos benefícios aos trabalhadores, aumentando e diversificando consideravelmente as oportunidades no mundo laboral.
O mesmo ocorre hoje, com uma espécie de revolução digital, motivada pelos efeitos da informática, da internet e de tecnologias de ponta em vários ramos de atividade. E, para os que insistem em dizer que o mundo informatizado prejudica o emprego, vejamos a seguinte realidade: até os anos 1980, a produção de máquinas de escrever era bastante significante, com a liderança de grandes multinacionais, como a italiana Olivetti. Hoje, viraram peças de museu. No entanto, os produtos substitutos da antiga máquina – os PCs, os notebooks, os tablets e os smartphones – originam grande número de postos de trabalho.
O mundo digital é uma realidade. É verdade que algumas carreiras estão entrando no ostracismo, como as de alfaiate, telefonista, ascensoristas. Mas novas profissões surgem com forte geração de emprego, como as que dão conta do desenvolvimento de aplicativos, de construção e manutenção de sites, de vendas on-line e de jogos para computadores. Ou seja, as revoluções tecnológicas, em nenhum momento da história, substituíram o ser humano pela máquina. Ao contrário, vêm para ajudar a criar novas demandas para a população do planeta, que não para de crescer.
* É presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.
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