Manoel Afonso*
Os títulos de certos filmes a gente não esquece. Viraram referências. Seus personagens idem. “O Poderoso Chefão”, por exemplo, é bem isso. O ator Marlon Brando era a cara do próprio: gordo, gestos lentos, voz pastosa e roupas à caráter davam o toque emblemático ao personagem (capo) mafioso que encarnou com fidelidade impar.
É o mesmo caso de certos livros que nos impressionam à primeira vista! Quantos deles acabamos comprando só pelo título chamativo. Claro que o título não deveria ser apenas um truque de marketing; deve sim estar associado ao conteúdo da obra, quase um resumo da história. “O velho e o mar”, de Hermingway é o livro que aponta para a narrativa das relações e reflexões entre o ser humano e o mar. No caso, o leitor sabe o que está comprando.
Também na política é muito importante a iniciativa do candidato em sinalizar o que se pretende e como irá fazê-lo no governo. Isso facilita as relações com o eleitor, que passa ter maior visão do projeto administrativo do pretendente e maiores subsídios para comparações, inclusive.
Se para ganhar eleição é preciso um pouco de tudo, não se pode então esquecer do cuidado na hora de adotar um slogan para o candidato. Como já disse: ele deve representar a estratégia de campanha e se possível associá-lo ao estilo de administração, no caso de cargos do Executivo.
Uma campanha começa com um bom candidato e um bom slogan. Um deve estar atrelado ao outro. Um candidato de idade avançada não pode adotar – por exemplo – o slogan da “Renovação”, sob pena de cometer o pecado da incoerência. É aí que entra o trabalho de marketing que vai associar o slogan ao candidato, à realidade político-social e às suas propostas.
Alguns slogans já são conhecidos do público porque se identificam com o contexto deste Brasil. Só ilustrar: “É pra frente que se anda” – “A força jovem” – “Renovar é preciso” – “A força do trabalho” – “Gente nossa” – “Mudar para melhorar” – “Gente como a gente” – “A hora é agora” – “A voz da experiência” – “O povo no governo” – “Trabalho e transparência” – “Tradição e competência” – “A voz do povo” – “O que é bom deve continuar” – “Honestidade e ação”.
Passada a eleição de 2010, aos candidatos de plantão que já se organizam para a próxima, um alerta: há excesso de marqueteiros prometendo milagres por aí. Parecem aqueles velhos camelôs de antigamente, que vendiam remédios eficientes para “todos os males”: do chulé ao câncer. Fiquem espertos! É pura propaganda enganosa.
*Advogado, colunista do Campo Grande News e Conjuntura On-line, responsável pelo Blog do Manoel Afonso, escreve a coluna Amplavisão para dezenas de jornais impressos e sites de Mato Grosso do Sul e é comentarista político da Rede Record-MS
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