Bruno Araújo *
Há um consenso entre os cientistas de que se a temperatura da Terra aumentar em mais de dois graus, o planeta poderá romper o chamado “limite de resiliência”. Este é o ponto no qual a natureza não consegue mais se regenerar e passa a ser ameaçada por grave catástrofe.
Na condução de um país, governantes incompetentes e tolerantes com a corrupção também podem levar uma Nação a ultrapassar a fronteira da estabilidade. Assim como acontece com os ecossistemas, nas sociedades, o resultado por se cruzar a linha do suportável é o caos. Sobra como herança uma conta gigantesca, invariavelmente, paga pela população.
Sob o governo Dilma, foram desmontados os principais fundamentos macroeconômicos. No seu lugar, adotou-se um modelo suicida que chegou com a grife de a “nova matriz econômica”. A maquinação, claramente movida por ambições eleitorais, buscava um crescimento exclusivamente por meio do consumo. É claro que, como era previsto, o resultado foi um retumbante fracasso.
O sinistro manifesta-se em todos os índices econômicos e a conta da farra chega de uma só vez. A inflação, por exemplo, flerta perigosamente com uma taxa de dois dígitos. O dólar, ao romper a barreira dos R$ 3, torna-se um combustível adicional para o aumento dos preços, uma vez que 40% da cesta de consumo brasileira são indexadas ao valor da moeda americana.
Na tentativa de controlar a inflação, o Banco Central, solitário, sobe a taxa de juros e hoje chega a 12,75%, mas esse percentual não deve parar aí. As contínuas altas levaram o país, agora novamente no topo do ranking de juros reais do mundo, a gastar mais de R$ 300 bilhões, no ano passado, somente com o serviço da dívida, o equivalente a 12 anos de Bolsa Família.
Na outra ponta, temos o PIB, principal medida de crescimento, e a produção industrial com números cada vez mais negativos.
Com a economia cambaleante, o país fica extremamente indefeso diante de possíveis choques externos. É uma incógnita como vai enfrentar o aumento dos juros nos Estados Unidos, a ser anunciado mais dia menos dia. A alta vai desviar capitais, que são destinados aos países emergentes, para o mercado americano. A situação, infelizmente, pode ganhar contornos ainda mais graves, uma vez que o mercado financeiro já dá como provável o rebaixamento da nota de risco brasileira no curto prazo. O dinheiro, então, ficará mais caro e, portanto, será ainda mais difícil fechar as contas externas.
Estamos caminhando para a recessão, não resta dúvida. E os trabalhadores já estão pagando o preço pelo enfraquecimento das atividades produtivas. A previsão de desemprego para 2015 pode chegar a 8%, um número extremamente preocupante.
Mesmo diante de uma tragédia em curso, a presidente insiste em aumentar impostos, restringir os direitos dos empregados e manter os altos gastos da máquina pública em prejuízo dos investimentos. Enfim, a presidente continua fazendo besteira. Na contramão do bom senso, Dilma está levando o país a uma viagem sem volta.
* Bruno Araújo (PSDB-PE) é líder da Oposição na Câmara.
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