O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), com o propósito de contribuir com a organização da luta política dos trabalhadores, lançará em outubro uma cartilha sobre como fazer análise de conjuntura, com dicas para facilitar a compreensão da realidade política, econômica, social e cultural do país.
A cartilha Análise de Conjuntura: como e por que fazê-la, de nossa autoria – elaborada sob a forma de perguntas e respostas – faz parte da série Educação Política do órgão e tem por finalidade oferecer uma ferramenta, com um método para leitura da realidade, que organize a reflexão dos dirigentes sindicais e militantes políticos, sem o qual parece impossível processar o volume diário de informações que recebemos.
Com a globalização, o desenvolvimento científico e tecnológico, bem como dos transportes e das telecomunicações, o cidadão recebe uma avalanche de informações, editadas ou embaladas de forma fragmentada, que em lugar de instruir pode desinformar.
A excessiva especialização e fragmentação dos assuntos, combinados com o sentido de urgência que se atribui a tudo, leva à dispersão e impede que as pessoas tenham uma visão de conjunto. Um fragmento, analisado isoladamente, pode fazer todo o sentido, mas se não for examinado à luz do contexto geral, pode ter sentido inverso do pretendido pelo analista.
A análise de conjuntura – como ferramenta utilizada com o objetivo de compreender um dado problema, a situação em que se insere, e a inter-relação ou a correlação de forças existente entre os agentes ou atores políticos, institucionais, econômicos e sociais – constitui-se em importante subsídio para a tomada de decisões estratégicas.
A análise de conjuntura, para ser eficaz, precisa considerar, de forma equilibrada, os princípios do interesse e da realidade. Ela deve buscar dimensionar as forças que participam da dinâmica social, distinguindo as condições subjetivas (vontade) das objetivas (realidade).
Por isso, contar com um método que oriente e estimule a conscientização política, além de fornecer instrumentos que facilitem a leitura da realidade, que a cada dia fica mais complexa, identificando os problemas e suas tendências para agir sobre eles, é fundamental no mundo moderno em que vivemos.
Com bem pontua o presidente do Diap, Celso Napolitano, na apresentação da cartilha, “em tempos de crise, de ajuste fiscal, de recessão e de investida neoliberal, em que a luta é mais de resistência, é fundamental que a liderança sindical seja capaz de fazer a sua própria análise da situação e não depender da análise de outrem, muito menos da mídia”.
Outra característica importante, lembrada pelo presidente do Diap, que é um dos principais méritos da série Educação Política, é o modo como o órgão elabora suas publicações, sempre de forma didática e pedagógica. Assim, embora as publicações sejam feitas sempre pensando nos trabalhadores, as ferramentas nelas desenvolvidas, organizadas ou sistematizadas, podem ser utilizadas por qualquer outra instituição ou organização da sociedade civil ou do sistema social.
Por fim, registre-se que a análise de conjuntura, que deve ser produzida com base em um conjunto de informações contextualizadas historicamente – considerando aspectos econômicos, sociais, culturais, políticos e tecnológicos locais, nacionais e internacionais – tem a virtude de permitir a identificação de tendências com capacidade de influenciar positiva (oportunidade) ou negativamente (ameaça) os interesses dos agentes sociais.
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