Emanuel Medeiros Vieira*
Os membros da Irmandade dos Homens Pretos “perderam a paciência ante os constantes atrasos das obras de restauração da Igreja do Rosário dos Pretos”, uma das mais famosas de Salvador.
Como informa o jornalista Biaggio Talento, eles resolveram reabrir o templo, mesmo com a reforma inconclusa, no próximo domingo, dia 15.
A Igreja do Rosário dos Pretos foi erguida no século XVIII, e é referência histórica no processo de resistência dos negros.
A reforma custou cerca de R$2,3 milhões – recursos do ministério do Turismo, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento e contrapartida do governo estadual.
O prazo? Estourou! E os Irmãos da Confraria não se conformaram.
É preciso fazer algo pelo Pelourinho – abandonado à cracolândia, à violência, à mendicância –, quem sabe, o monumento histórico mais importante do Brasil.
É um pedaço fundamental da nossa História, que está sendo constantemente degradado.
Andar por lá, só com companhia, segurança e em determinados horários (de preferência, matinais).
A INTOLERÂNCIA É ATEMPORAL E ETERNA
Foi com essas palavras que a comunidade judaica de Amsterdã, no século XVIII, excomungou o filósofo Baruch de Spinoza (1631-1677), um dos mais importantes da História:
“Pela decisão dos anjos e julgamento dos santos, expulsamos, execramos e maldizemos Baruch de Spinoza. Maldito seja de dia e maldito seja de noite; maldito seja quando se deita e maldito seja quando se levanta; maldito seja quando sai, maldito seja quando regressa… Ordenamos que ninguém mantenha com ele comunicação oral ou escrita, que ninguém permaneça com ele sob o mesmo teto ou a menos de quatro jardas, que ninguém leia algo escrito ou transcrito por ele”.
MAS A SUA OBRA PERMANECE!
Quem se lembra dos seus inquisidores?
*Poeta, romancista e contista, nasceu em Florianópolis (SC) em 1945. Participa de diversas antologias de contos. Estreou com A Expiação de Jeruza, em 1972. Tem romances e contos editados, como Os hippies envelhecidos
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