Na semana passada, falamos do concurso da Caixa Econômica Federal, que será um dos maiores de todos os tempos, com expectativa de 1,5 milhão de inscrições e 29 mil contratações para o cargo de técnico bancário, que é o inicial da carreira na instituição para empregados de nível médio. O assunto desta semana é outro concurso, marcado para menos de um mês depois que a Caixa tiver realizado sua seleção: o da Câmara dos Deputados. A casa legislativa também espera concorrência recorde, dados os altos salários que oferece aos aprovados: R$ 12.286,61 e R$ 25.105,39, para os cargos de técnico legislativo (agente de polícia legislativa) e analista (consultor de orçamento e fiscalização financeira e consultor legislativo), respectivamente.
Repare na diferença entre Executivo e Legislativo, quando se trata dos salários pagos aos servidores: enquanto a Caixa remunera os concursados do cargo de técnico judiciário, de nível médio, com o valor inicial de R$ 2.932,32, a Câmara oferece R$ 12.286,61 aos técnicos que trabalharão na Polícia Legislativa da Casa. O valor é no mínimo quatro vezes maior no Legislativo! Nos cargos de nível superior, a diferença é do mesmo porte: na Câmara, o salário é de R$ 25.105,39, quase o teto do funcionalismo público, de R$ 29 mil; na Caixa, os engenheiros recebem R$ 8.041,00 e os médicos do trabalho R$ 4.021,00.
As distorções são enormes. Por isso, quem estiver inscrito para o concurso da Caixa e se sentir em condições de também disputar para valer uma vaga nos quadros da Câmara dos Deputados não pode perder a ocasião. O fato de esses candidatos já estarem no embalo dos estudos é um diferencial e tanto na hora da prova. Quem se preparou para um concurso pode estender a preparação para outro, ou mesmo fazer um trabalho paralelo e aproveitar o intervalo entre as duas provas para um impulso final de enfrentamento das matérias de maior peso para o Legislativo. Isso é perfeitamente possível. Basta se organizar e se dedicar de verdade ao estudo para conseguir sucesso na empreitada.
Assim como o concurso da Caixa, o da Câmara será organizado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), banca que tem como marca registrada tirar do candidato o ponto de uma resposta certa como punição a cada resposta errada. Isso, evidentemente, é um complicador que elimina muitos candidatos e exige atenção redobrada na hora da prova. Só os melhores, de fato, conseguem vencer essa barreira. Além disso, as vagas oferecidas no edital não são muitas: apenas 53 postos de analista legislativo, para os quais vale qualquer curso de nível superior, e 60 de técnico legislativo, destinados a quem tem formação de nível médio. As inscrições devem ser feitas pelo site do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), www.cespe.unb.br/concursos, até o dia 24 de fevereiro. As taxas são de R$ 110 e R$ 150, conforme o cargo.
Um detalhe que deve ser considerado pelos candidatos às vagas na Polícia Legislativa da Câmara: haverá exame físico, com teste de barra (dinâmico para homens e estático para mulheres), teste de corrida de ir e vir e corrida de 12 minutos (o antigo teste de Cooper). Logo, além do conteúdo intelectual cobrado nas provas teóricas, o candidato precisará demonstrar boa preparação física. Assim, se ele ainda não estiver se dedicando à preparação física, deve começar a fazê-lo imediatamente, dada a proximidade do concurso.
Quanto às provas escritas, como sempre, serão objetivas e discursivas. Os candidatos ao cargo de analista passarão, ainda, por avaliação de títulos. As provas objetivas dos candidatos às vagas de nível superior estão marcadas para 13 de abril e as discursivas para 20 de abril, mesma data dos testes objetivos e discursivos dos inscritos para as vagas de técnico legislativo.
Cara concurseira e caro concurseiro:
Se você pretende encarar a seleção da Câmara, dou-lhe meus parabéns. Sem dúvida alguma, esse é o concurso que pode mudar a sua vida e fazer de você detentor de um dos mais cobiçados empregos públicos do nosso país. Afinal de contas, trabalhar na Câmara dos Deputados como servidor concursado confere um status que apenas uma minoria de pouco mais de três mil pessoas pode ostentar.
As vantagens do cargo são muitas: quem trabalha na Câmara dispõe de um serviço médico de alto nível, de um plano de saúde igualmente excelente e de benefícios diversos que não aparecem no edital, mas no contracheque que o servidor recebe no fim do mês. Além disso, a Câmara, assim como o Senado, não está limitada pela política salarial que o governo impõe ao funcionalismo. Esses dois órgãos podem conceder – e concedem – aumentos anuais muito superiores ao que o governo defere aos funcionários públicos. Os índices de reposição salarial adotados no Executivo sempre se limitam aos índices de inflação.
Já na Câmara, a Mesa decide quando e em quanto os salários dos servidores da Casa serão aumentados. Na prática, a Mesa nunca concede menos do que 15% de reajuste, esteja o País ou o mundo enfrentando crise financeira ou não. Fora as gratificações, que sempre surgem por função ou outras razões que, às vezes, nem são bem explicadas. Isso me lembra uma frase de Machado de Assis:
“O dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele. O dinheiro não traz felicidade. Manda buscar !!!”
Portanto, minhas amigas e meus amigos, vale a pena, sim – e muito! –, estudar para o concurso da Câmara. Só que o tempo é curto. Por isso mesmo, é preciso começar já. Saiba que, nas provas discursivas para analista/consultor de orçamento e fiscalização financeira, será cobrada uma dissertação, duas emendas com justificativa e dois pareceres. Já os candidatos às vagas de consultor legislativo (exceto área XX) terão de redigir uma dissertação, um discurso, uma minuta e um parecer de proposição. Os interessados em se tornar consultor legislativo da área XX precisarão produzir uma dissertação, um resumo e dois discursos (uma favorável e outro contrário ao tema dado). Por fim, os candidatos a técnico legislativo produzirão apenas uma dissertação.
Acredito que todos os candidatos, tanto aos postos de analista como aos de policial legislativo, serão muito cobrados, como sempre, sobre Regimento Interno da Câmara. A matéria demanda preparação forte e especial, pois são centenas de artigos, muitos com desdobramentos em parágrafos, incisos e letras, que precisam ser bem assimilados. Outro conteúdo importantíssimo é Direito Constitucional, assim como não se pode esquecer a estimada Língua Portuguesa, que tradicionalmente derruba – e aprova –muitos candidatos em qualquer concurso desse porte. Chamo, ainda, a atenção para os temas de atualidades, que podem fazer a diferença, sobretudo se se tratar de questões bem aplicadas pela banca. Não se pode deixar de estudar os últimos acontecimentos no Brasil, principalmente as manifestações de junho último, o julgamento do processo do Mensalão e os preparativos para a Copa do Mundo, além de alguns temas de economia, recorrentes nessas provas.
Dito isso, minhas amigas e meus amigos, só me resta desejar a todos uma boa semana de estudos e bons concursos, para a Câmara, para a Caixa ou quaisquer que sejam eles. Tenho certeza de que, na hora agá, aqueles que seguirem minhas dicas serão os que terão o prazer e a alegria de, ainda em 2014, desfrutar do seu feliz cargo novo.
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