Antonio Vital
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Uma visão assustadora. Quem está se preparando para viajar de carro pelo país não pode deixar de acessar um site que é um banho de transparência em se tratando de administração pública: o do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT). O site www.dnit.gov.br mostra as condições das principais rodovias do país, estado por estado. E o que se vê não é nada agradável. Pode até desanimar quem pretende se arriscar no que se apresenta quase que como uma pista de rally. As rodovias marcadas em vermelho são as ruins. As cinzas são as boas. E as linhas vermelhas superam, e muito, as cinzas. Ali, o brasileiro fica sabendo que as duas principais rodovias do país, as BRs 101 e 116, que praticamente atravessam os estados costeiros de cabo a rabo, estão completamente esburacadas. Ainda a título de exemplo, entre no mapa do estado de Goiás. Quem fizer isso vai ver que o Distrito Federal, onde fica a capital do país, é praticamente uma ilha cercada de estradas esburacadas por todos os lados. Seja para qual direção se pretende ir, a partir de Brasília, a única certeza que o motorista terá é que vai enfrentar buracos e perigos. Um brasiliense que passou o Ano Novo em Salvador voltou impressionado com o que viu. Não na capital baiana, mas nas estradas. Quanto mais próximo do rio São Francisco, pior. Para chegar a Salvador, existem em média 200 km em que praticamente a estrada sumiu, tomada por buracos e caminhões que traçam um balé sinistro, pela contramão e pelos acostamentos, na tentativa de proteger suas cargas. Mas quem se arrisca vê coisas piores, que não estão no site do DNIT. Em vários trechos das rodovias, centenas de pessoas, em sua maioria velhos e crianças, enchem os buracos com pás de terra na esperança de receber uma esmola do motorista que passa. Em alguns lugares, velhinhas enfrentam o sol fazendo isso. Em outros, há meninas de menos de 15 anos, pintadas e arrumadas como se fossem a uma festa, fazendo o mesmo. Há que se distinguir aqui entre estradas ruins e outras piores. Há vários tipos de falhas. Em alguns lugares, já foram feitos tantos remendos que a pista se torna uma armadilha para o motorista apressado. Em outros, onde há canalização de pequenos córregos, a estrada cedeu em vários lugares e se assemelha a um tobogã. Há ainda pistas em que o asfalto afundou ao peso dos caminhões, formando sulcos que transformam os carros pequenos em vagões sobre uma linha férrea, aprisionados. A falta de acostamento é uma constante, assim como a alta velocidade. Sem contar os trechos esburacados, dignos de campos minados e que rasgam os pneus mais resistentes ao menor descuido. Tudo isso vai piorar com as chuvas. A tão propalada Parceria Público-Privada (PPP), aprovada pelo governo no Congresso no final do ano passado, pode até melhorar a situação em alguns lugares, principalmente as estradas cobiçadas pela iniciativa privada devido ao seu fluxo de veículos. O problema é que existem rodovias fundamentais para o escoamento da produção e para a economia do país que não vão atrair o capital. E aí vai continuar cabendo ao governo, ao Estado, liberar recursos. |
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