De olho nos elevados índices de aprovação popular do governo Lula, deputados do PT querem pegar carona na popularidade do presidente para conquistar prefeituras. Dos 114 parlamentares com assento na Câmara que pretendem disputar as eleições de outubro, 87 são governistas, dos quais, 17 petistas. Juntos, os oposicionistas DEM, PSDB, PPS e Psol articulam a pré-candidatura de 27 deputados.
Para o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), os índices de aprovação ao governo Lula, apontados pelas últimas pesquisas, servem de estímulo para as candidaturas do partido. “O governo Lula tem colhido bons resultados e os deputados sentem que a população sabe disso. Há uma identificação com o jeito petista de governar”, afirma.
Mas a popularidade de Lula tem atraído não só petistas. Titular de cinco ministérios, a ala governista do PMDB também tenta associar sua imagem à do presidente. Pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte, o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) não esconde que pretende divulgar em sua campanha que faz parte da base aliada do presidente.
“O governo federal está aberto e com recursos para investir nos estados. Ser candidato aliado facilita no maior acesso a esses recursos”, avalia. Apesar de considerarem a ajuda federal bem-vinda, os pré-candidatos admitem que as questões locais é que decidem a eleição municipal (leia mais).
O PMDB é segundo partido com maior número de pré-candidaturas. Dos 92 deputados peemedebistas, 16 se movimentam em direção às urnas em outubro.
Para o cientista político Carlos Luiz Strapazzon, doutor em Sociologia Política e coordenador da Pós-Graduação do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), o modelo eleitoral brasileiro favorece quem está na situação.
Strapazzon avalia que, ainda que a transferência de votos de um presidente para candidatos locais não seja tão direta, o eleitor brasileiro tende a associar os benefícios trazidos pelo governo federal na hora de votar para prefeito.
“Nessas eleições, ser um candidato da continuação é um bom argumento para estados em que programas assistenciais e de investimentos federais estão dando resultado”, afirma.
Proporcionalmente, o número de pré-candidatos da oposição não chega a ser tão inferior ao dos governistas. Dos 131 deputados que integram partidos oposicionistas, 20,6% se articulam para disputar as eleições para prefeito. Já entre os governistas, ampla maioria na Câmara, esse índice é ligeiramente superior: 22,7%.
Apetite governista
O levantamento feito pelo Congresso em Foco se baseou em informações prestadas pelas lideranças partidárias e confirmadas pelos gabinetes dos deputados. Outro partido governista, o PDT, que tem apenas 25 representantes na Câmara, tem nada menos do que 11 pré-candidatos. É o terceiro partido com maior número de deputados envolvidos diretamente com as eleições municipais.
Na seqüência, com dez nomes cada, aparecem o PCdoB e o PSDB. Os tucanos têm o maior número de pré-candidatos entre os oposicionistas. Logo atrás deles, aparece o DEM, que faz sua estréia eleitoral depois de deixar para trás o figurino do PFL. Ao todo, oito deputados do partido estão na disputa.
Os governistas PV e PR têm sete, enquanto o também oposicionista PPS aparece com seis nomes. O Psol mandará para as urnas todos os seus três representantes na Câmara (veja a lista por partido).
Rio lidera pré-candidaturas
Com exceção do Distrito Federal, que não tem eleições municipais, todos os demais estados têm deputados pré-candidatos a prefeito. A bancada do Rio de Janeiro lidera esse ranking: 13 dos 31 parlamentares fluminenses pretendem concorrer às eleições de outubro (veja a lista por estado).
Proporcionalmente, no entanto, o estado do Amapá é o que tem o maior número de interessados na disputa – cinco dos oito deputados amapaenses se movimentam para trocar a Câmara pelo Executivo municipal. Desses, quatro estão de olho na capital, Macapá.
As bancadas da Bahia, de São Paulo e do Rio Grande do Sul ficam empatadas no número de indicados: têm 11 nomes na lista. Nenhuma cidade desperta mais o interesse dos deputados do que a capital gaúcha. Ao todo, sete parlamentares pretendem disputar a prefeitura de Porto Alegre. Outra capital que chama a atenção pelo provável confronto entre deputados é São Luís, onde seis nomes estão na disputa.
A corrida eleitoral também promete ser quente em Salvador. Dos onze deputados baianos pré-candidatos, cinco disputam a prefeitura da capital. Na lista, há quatro governistas – Daniel Almeida (PCdoB), Lídice da Mata (PSB), Nelson Pellegrino (PT) e Walter Pinheiro (PT) – e apenas um da oposição – ACM Neto (DEM).
A prefeitura do Rio também é cobiçada por cinco deputados: Chico Alencar (Psol), Fernando Gabeira (PV), Marcelo Itagiba (PMDB), Miro Teixeira (PDT) e Solange Amaral (DEM).
Desinteresse no Senado
Enquanto atraem um em cada cinco deputados, as eleições municipais não despertam tanto o interesse dos senadores. Dos 81 que estão no exercício do mandato, apenas três admitem enfrentar as urnas em outubro. Desses, apenas Marcelo Crivella (PRB-RJ) dá como certa sua candidatura. Assim como os cinco deputados citados acima, o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus também pretende disputar a capital do Rio.
Outro possível candidato, que também agrega o time da ala governista, é Romeu Tuma (PTB-SP). Mas, segundo a assessoria, não há nada confirmado. No grupo de oposição, está o senador José Nery (Psol-PA), que ainda estuda a possibilidade de se candidatar à prefeitura de Belém.
Funil eleitoral
O quadro de candidaturas, porém, ainda pode mudar. Isso porque, de acordo com a legislação eleitoral, os partidos só vão poder oficializar seus candidatos em julho. A tendência é que o número de parlamentares candidatos se afunile até lá. Para se ter uma idéia, levantamento feito pelo Congresso em Foco em agosto do ano passado indicava que 133 deputados pretendiam disputar a eleição municipal deste ano (leia mais).
Ter um grande número de candidatos também está longe de representar s
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