Tomei a iniciativa de convocar os responsáveis da Infraero, Polícia Federal e Receita Federal para uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para debater o caos nos nossos aeroportos internacionais, particularmente a situação no aeroporto do Galeão. Da última vez que viajei, em julho, fui testemunha (e vítima) da bagunça e falta de respeito aos viajantes brasileiros e estrangeiros no terminal 2 (o mais moderno). Na semana passada ficou patente que, além do caos, há atividades criminosas envolvendo funcionários que deveriam zelar pela segurança e pelas atividades aduaneiras do aeroporto. O objetivo da audiência não é primordialmente investigar essas atividades criminosas, mas o mau atendimento aos viajantes. De qualquer forma, teremos que examinar também esse outro aspecto.
O que vi em julho foi deprimente. Os passageiros passaram mais de duas horas na fila dos detectores de metais e controle de passaportes. Havia apenas três detectores e três computadores em funcionamento e, no caso dos detectores, durante mais de meia hora ficaram inexplicavelmente sem operação. A má vontade de funcionários da Infraero e de policiais e sua agressividade com os passageiros eram a tônica. Muitos destes acabaram por perder suas conexões por causa do atraso.
Em geral evito fazer valer da minha condição para qualquer privilégio nesse tipo de situação. Costumo aguardar pacientemente. Como pessoa pública, não me sinto bem fazendo valer prerrogativas a não ser em casos realmente de urgência. Naquela noite, no entanto, minha mulher viajava fortemente gripada, com febre, e depois de uma hora e meia de espera decidi fazer valer meu passaporte diplomático. O agente da Polícia Federal que abordei respondeu de forma sumamente grosseira meu pedido perguntando, desdenhosamente, “onde estava escrito” que portadores de documentos diplomáticos tinham tratamento especial, tentando criar-me um constrangimento. Pedi para falar com seu superior. O mesmo foi mais educado, cumpriu sua obrigação, mas aproveitou para reclamar da “completa falta de equipamentos e pessoal” e, ao final, me pediu encarecidamente para “fazer alguma coisa” por eles. De fato, saltava aos olhos que três detectores de metal e três postos de controle servindo aquele terminal abarrotado eram absolutamente insuficientes.
Aquilo parecia um terminal de ônibus mal ajambrado. Havia gente passando mal, estrangeiros berravam que jamais voltariam ao Brasil e o comentário geral entre os brasileiros era: “Como vamos sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas desse jeito?”. Boa pergunta. Eu já tinha passado por isso, em 2009, na minha viagem para Washington, em baixa temporada. Venho recebendo dezenas de testemunhos de situações ainda piores, tanto no embarque quanto no desembarque. Um colega me narrou um atraso de seis horas no desembarque. Não estamos falando aqui das necessárias e claramente atrasadas obras de ampliação dos dois terminais mas de algo muito mais simples quanto colocar mais detectores de metal, computadores e agentes para atender a demanda existente e perfeitamente previsível. Não parece nada do outro mundo, mas a Infraero, a Polícia Federal e a Receita Federal simplesmente não estão conseguindo dar essa resposta. No próximo dia 19, data da audiência, vamos poder saber exatamente o por quê.
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