Tarciso Nascimento
A eleição deste ano foi rica em curiosidades. Aconteceu de tudo um pouco: teve seqüestro de mesários, candidato preso por tirar foto da urna, eleitor que morreu ao votar e os tradicionais flagrantes por compra de voto. De acordo com a Polícia Federal, 125 pessoas foram presas em todo o país pela Operação Voto Livre.
Veja alguns dos episódios curiosos que marcaram esta eleição.
Eleitor morre na cabine de votação no Paraná
Um eleitor sofreu um ataque cardíaco e morreu enquanto digitava os números dos candidatos na urna eletrônica, no município de Piraquara, região metropolitana de Curitiba. A morte de Jair Garcia de Freitas, de 69 anos, chocou as pessoas que estavam presentes no local da votação. Os mesários tiveram de ser substituídos. De acordo com o chefe da seção eleitoral, Sérgio Luiz Versolato, os votos confirmados por Freitas para deputado estadual e federal foram computados. O aposentado não chegou a votar para senador, governador e presidente.
Boca-de-urna: padre e deputados são presos
Um padre e um deputado federal foram presos por fazer boca-de-urna em Belém. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que não divulgou o nome dos envolvidos, o padre dirigia uma Kombi com materiais de propaganda eleitoral de candidatos a presidente e governador.
O religioso estaria distribuindo os objetos aos eleitores e foi preso na igreja Perpétuo Socorro. A juíza eleitoral Edith Ribeiro, da zona 77, presenciou o fato e acionou a polícia.
Já o deputado federal estava "ensinando" as pessoas a votarem. A Polícia Federal fez o flagrante e o levou para a sede da delegacia. O padre e o deputado foram flagrados no Bairro do Telégrafo, na zona eleitoral 28.
Carne e gasolina em troca de voto
No Piauí, o vereador Odivan Torres (PMDB) foi preso por distribuir carne e gasolina na comunidade de Tamanduá, na zona rural do município, a 80 km de Teresina. A juíza Maria das Neves, do município de Miguel Alves, foi quem determinou a prisão do vereador.
No Ceará, a Policia Federal prendeu um cabo eleitoral com R$ 11.800,00. O nome não foi divulgado, nem o partido ao qual ele está ligado. Ainda no estado, outras cinco pessoas foram presas por boca-de-urna e transporte de eleitores.
Voto a R$ 50
No município fluminense de Campos, a PF apreendeu R$ 42 mil com cabos eleitorais de um candidato não identificado. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro seria usado na compra de votos. Cada um custaria R$ 50.
O valor seria repassado assim que os votos fossem contabilizados e se confirmasse que o número de eleitores que participaram do esquema batia com o número de votos que o candidato teve. Seis pessoas foram presas no estado, quatro por causa da compra de voto.
Flagrante collorido
Em Alagoas, o vereador Fernando James, filho do ex-presidente Fernando Collor de Mello, foi detido ao ser flagrado com material de propaganda do pai, candidato ao Senado. Como os folhetos estavam no carro, foi aberta uma investigação. O vereador foi liberado logo em seguida.
Suplicy e Clodovil se atrapalham na hora de votar
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), candidato à reeleição, se atrapalhou todo na hora da votação. Após entrar na seção eleitoral, derrubou os documentos pessoais e percebeu que não sabia o número dos candidatos nos quais pretendia votar. Teve que consultar a lista de candidatos e demorou cerca de quatro minutos para achar os números.
"Está complicado. A lista de candidatos é grande, não é?", declarou a jornalistas que o acompanhavam.
O deputado federal eleito Clodovil Hernandes (PTC-SP) foi outro que se atrapalhou na hora de votar. O candidato errou de seção. O apresentador de televisão chegou para votar na escola Dr. Esteves da Silva, na cidade de Ubatuba (SP), quando percebeu que o seu título de eleitor havia sido transferido para uma escola do Bairro do Poruba, próximo à sua residência.
O candidato esperou dez minutos até confirmarem a mudança para se dirigir a sua nova seção. "Isto é Brasil, perdi um voto", brincou. Na escola do bairro do Poruba, Clodovil não teve nenhum contratempo e levou três minutos para registrar o voto.
Candidato é preso por tirar foto de urna
O candidato a deputado distrital Marcão da Rodoviária (PSDB) foi preso quando votava em uma seção eleitoral em Brasília. Ele tirou foto da urna, onde aparecia o seu nome. O que é proibido pela Justiça Eleitoral. Marcão da Rodoviária alegou que queria guardar a foto de recordação. Nos programas de televisão de sua campanha, o candidato aparecia sempre de cabeça pra baixo.
Índios fazem mesários de reféns no Amazonas
Sete pessoas foram feitas reféns por índios da etnia Colinas no município de Juruá (AM), entre elas, quatro mesários e dois policiais militares. Os índios exigiam comida e gasolina em troca dos reféns, seqüestrados quando chegavam a Juruá para montar uma zona eleitoral. O município tem cerca de 300 eleitores. O diretor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Athayde Fontoura Filho, disse que a Justiça Eleitoral não acatou a reivindicação da tribo. Foi preciso acionar a Polícia Militar estadual e a Funai para negociar a libertação dos reféns, ocorrida na manhã de ontem. Não houve feridos na operação.
Mesário é levado à delegacia por aparentar embriaguez
Na região centro-sul de Belo Horizonte, um mesário foi conduzido à delegacia Seccional Sul da cidade por aparentar estar bêbado. Policias militares, que estavam no local, disseram que o mesário estava com uma garrafa de aguardente.
Em Belém, o presidente da mesa de uma sessão (o colégio não foi divulgado) foi preso porque estava alcoolizado, tratando mal os eleitores e interferindo na votação.
Mesário preenche "cola" errada para eleitor
Em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, um mesário foi afastado pela Polícia Federal depois de ter sido flagrado preenchendo, conforme suas preferências pessoais, a "cola" que um eleitor usaria no momento da votação. O mesário foi denunciado por um candidato que aguardava na fila. Ele foi autuado, assinou um termo circunstanciado, comprometendo-se a comparecer a audiências, e foi liberado em seguida.
Eleitor tenta votar por outro no DF
Um eleitor tentou se passar por outro e causou grande tumulto em uma seção localizada no Colégio Rogacionista, no Guará, a 12 quilômetros de Brasília. Os mesários descobriram o caso, retiraram a urna de votação e chamaram a polícia. O eleitor pode responder por crime de falsidade ideológica.
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