Expedito Filho, de Nova York |
|
A eleição americana está tecnicamente empatada, mas uma onda a favor do senador John Kerry, candidato a presidente pelo Partido Democrata, pode alterar esse equilíbrio na reta final da corrida sucessória dos Estados Unidos. A campanha, disputada cabeça a cabeça, era ligeiramente favorável a Bush. Mas agora, apesar da persistência do empate do ponto de vista técnico, o viés é favorável ao candidato democrata. Na maioria das pesquisas, ele já aparece na frente de Bush no voto popular. A indefinição se estende até o Colégio Eleitoral, onde mais uma vez os votos da Flórida serão decisivos. O vento a favor de Kerry, por enquanto, ainda não ganhou a força de um furacão. Mas o candidato democrata, que despencou logo depois da convenção republicana, está agora com fôlego político de maratonista. Na verdade, o discurso de Bush como salvador da pátria já não tem a mesma força de um mês atrás. O americano médio continua achando que Bush é melhor xerife que Kerry. A avaliação é a de que o atual presidente, uma vez testado na guerra contra o terror, correspondeu. Derrubou o regime dos talibãs e prendeu Saddam Hussein e, embora tenha ficado devendo Osama Bin Laden, as ações terroristas nunca mais aconteceram em território americano. Mas a bagunça que virou a invasão e ocupação do Iraque, onde um batalhão se recusou a cumprir uma missão devido ao alto risco, somada à suspeita de que, no seu segundo mandato, o presidente republicano pode tornar obrigatório o serviço militar e, ainda, privatizar a previdência social daqui, mexeu com o humor e com os interesses do eleitorado. Agora, a percepção de parte dos que vão votar no dia 2 de novembro é a de que o xerife pode ser um risco. Bush seria bom para defender o país contra o terrorismo, mas uma ameaça para os interesses de duas gerações de eleitores – os jovens e os idosos. Os primeiros não querem saber de serviço obrigatório e a geração de cabelos brancos abomina a idéia de uma previdência privada. É nesse clima de insatisfação que Kerry pode virar a nova onda americana. |
Deixe um comentário