Expedito Filho, de Nova York |
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Quem é profissional de política sabe que a força da grana ergue e destrói uma campanha. Aqui, nos Estados Unidos, maior economia capitalista do mundo, o poder do dinheiro é potencializado ao máximo. Entre os dois principais candidatos à presidência americana, a diferença é imensa. George W. Bush já arrecadou nessa campanha um total de US$ 201 milhões , enquanto o candidato do Partido Democrata, John Kerry, abocanhou algo em torno de US$ 117 milhões. Pela lógica da grana, a eleição já estaria definida e os Estados Unidos realizariam no final do ano uma eleição simbólica, com resultado conhecido por antecipação. Bush teria sua reeleição assegurada e Kerry apenas concorreria para legitimar o pleito, certo? Errado. Na verdade, o jogo político não é cartesiano e esconde sutilezas. Mais que o total , o importante mesmo é a curva de arrecadação. Embora sem o apoio de Wall Street, que tem apostado alto na permanência dos republicanos no poder, Kerry arrecadou no mês de abril o dobro de Bush, algo como US$ 15 milhões para o atual presidente e US$ 35 milhões para o candidato democrata. E esse realmente é um sinal importante. Como se sabe, o capital não é burro e, mais que instinto de sobrevivência, tem necessidade de multiplicação. O mês de abril foi, de longe, o pior mês da campanha de George W. Bush. Enrolou-se na série de denúncias de abusos de prisioneiros de Abu Ghraib e parece atolado em um conflito sem fim. A guerra mostrou-se inepta no combate ao terrorismo e erodiu um bom naco da credibilidade que Bush ainda tinha junto ao eleitorado. O presidente americano, por exemplo, não teve como explicar o alto número de baixas em uma guerra em que os Estados Unidos já tinham declarado missão cumprida um ano atrás. Pior. O governo republicano já não consegue sustentar a idéia de que a invasão do Iraque era fundamental para combater o terrorismo. Bush ainda tentou agarrar-se aos números da economia, como o que mostrou a retomada do nível de emprego no mês de abril, quando foram criados 188 mil novos postos de trabalho. Mas nem mesmo isso foi capaz de retirar sua campanha da agenda negativa. E o dinheiro, aquele capital fugaz e oportunista, já percebeu que a campanha republicana já não é forte e monolítica como tempos atras. E, como se diz no Brasil, a força da grana pegou Bush na curva. De baixa, que fique bem claro. |
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