A propagação do zika vírus acontece de maneira explosiva e pode infectar de 3 a 4 milhões de pessoas nas Américas, incluindo 1,5 milhão no Brasil, informou nesta quinta-feira (28) a Organização Mundial de Saúde (OMS). Marcos Espinal, chefe de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS no continente, não definiu um período para a ocorrência dos casos. Emergência internacional
Foi numa reunião de emergência com os estados-membros em Genebra (Suíça), com participação do Brasil, que a OMS anunciou a convocação de um comitê emergencial sobre o zika, para a próxima segunda-feira, para decidir se o surto do vírus deve ser declarado uma emergência de saúde internacional. A última medida do tipo foi anunciada em 2014, na epidemia do ebola na África Ocidental. No ano anterior, a poliomielite havia recebido o mesmo status.
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“O explosivo avanço do zika vírus a novas áreas geográficas, onde a população tem baixa imunidade, é outro motivo de preocupação especialmente diante do possível elo entre a infecção durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia, alertou Margaret Chan, diretora-geral da OMS.
Chan disse também que “a OMS juntou os melhores especialistas do mundo para comprovar se o zika tem relação com a microcefalia (circunferência craniana menor do que 32 cm, que causa deficiência cognitiva) ou com a síndrome de Guillain-Barré (problema neurológico que causa paralisia)”.
Ainda há incertezas devido à não-confirmação de causalidade entre o vírus e o aumento de nascimento de bebês com microcefalia.
“O possível vínculo (entre vírus e má-formação), apenas recentemente suspeitado, mudou rapidamente o risco de perfil de uma ameaça moderada para uma de proporções alarmantes”, disse. “Ainda que o elo causal não tenha sido – e enfatizo isso – estabelecido, as evidências circunstanciais são sugestivas e extremamente preocupantes.”
Perigos
A diretora informa que quatro aspectos preocupam a comunidade internacional: primeiro, a associação – ainda não completamente desvendada, na visão da OMS – entre o vírus e a má-formação de bebês; vem em segundo lugar o risco de dispersão internacional do vírus; terceiro, a falta de imunidade ao vírus na população; quarto, a ausência de uma vacina e de um diagnóstico imediato.
Margaret Chan também destacou o padrão do fenômeno climático El Niño, de altas temperaturas, que favorecerão o aumento da população do mosquito vetor, Aedes Aegypti, em 2016.
Já Marcos Espinal ressaltou que o “zika não é como ebola”. Um dado positivo, segundo ele, pois o contágio é uma brecha para o controle. “Temos o mosquito como veículo”, disse. “O esforço-chave está no combate ao vetor”.
Espinal informou também que um estudo a ser publicado sugere uma correlação entre o zika e a microcefalia em recém-nascidos no Brasil. “Não sabemos ainda se o vírus cruza a placenta e causa microcefalia. Ele tem algum papel, não há dúvida sobre isso”, disse.
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