Ao chegar ao velório do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), de quem era amigo pessoal, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), deixou de lado a postura neutra que tem adotado publicamente quando o tema é a crise aérea e cobrou explicações de "alguma autoridade que tenha representação". Redecker é uma das mais de 200 vítimas do acidente com o Airbus da TAM na última terça-feira.
Chinaglia viajou para Porto Alegre no mesmo vôo que transportou os restos mortais de Julio Redecker, identificados pelos peritos do Instituto Médico Legal no início da noite de ontem. "Depois de dez meses não é possível que não tenha diagnóstico, não é possível que alguma coisa não tenha sido feita, e não é possível que alguém também não tenha dito se falta alguma coisa e o que falta para ser feito", queixou-se.
Apesar de ser governista, o presidente da Câmara disse que "se depender da minha opinião, na Câmara dos Deputados, nós vamos pressionar para que as coisas fiquem claras do ponto de vista do sistema. Do ponto de vista do acidente, tem os procedimentos técnicos, que eu acho prudente aguardar".
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Chinaglia autorizou a viagem de deputados da CPI do Apagão Aéreo para acompanhar a abertura da caixa-preta do avião da TAM nos Estados Unidos. "Não tenho informações de quais seriam as causas do acidente. Isto eu deixo nas mãos dos especialistas. No caso da Câmara, temos uma CPI, fui consultado se autorizaria a ida de um ou dois parlamentares, inclusive aos Estados Unidos, para acompanhar as investigações. Já deixei o aval, a autorização exatamente para que a Câmara possa desempenhar o seu papel, é claro que entendendo que os órgãos responsáveis são outros".
Governo
Em entrevista coletiva concedida durante o velório, o presidente do PSBD, senador Tasso Jereissati (CE), disse acreditar que houve omissão do governo federal durante a crise aérea. "Acho que alguma coisa deveria ter sido feita. Evidentemente que alguma coisa deveria ter sido feita. A série de entrevistas evasivas que têm sido feitas ao longo destes meses, significa realmente uma falta de ação e uma falta até de sensibilidade para a crise que está aí. Isso aí infelizmente veio agora acentuar o que é um colapso. Mas, como eu disse vai ter um momento certo para discutir isto".
Para o tucano, o momento de discutir começa quando terminar o período de luto das famílias. "Não vou dizer que este acidente foi provocado por este ou aquele motivo, por que seria leviano da minha parte. Agora, que existe um caos aéreo, que existe um colapso do sistema aéreo, isto é verdade. Mas nós vamos tratar no momento certo, dentro do cenário do Senado e do cenário da Câmara e desta vez com um suporte muito grande da população que está intensamente chocada no Brasil inteiro com o que aconteceu", concluiu. (Carol Ferrare)
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