Parlamentares comentaram ao Congresso em Foco o resultado da pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje (27) à tarde que, entre outros pontos, destaca o índice de aprovação de 58% do governo Lula entre os entrevistados – o melhor percentual desde a primeira posse, em 2003. A despeito do bom resultado da pesquisa, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse à reportagem que considera “deprimente” a administração petista.
“Nossa mãe, o governo dele [Lula] é deprimente. Do ponto de vista da execução, do ponto de vista da qualidade dos ministros, do ponto de vista da transparência. É tudo menos um governo quando a gente quer pensar num governo de verdade”, defendeu o tucano, dizendo que a perda de credibilidade do governo Lula é irrecuperável. "Eu vejo um presidente com popularidade dirigindo um governo sem credibilidade. São coisas diferentes: popularidade pode ir e até voltar; credibilidade não dá mais para reconquistar."
Apesar de reconhecer o bom momento econômico por que passa o país – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no início deste mês, crescimento de 5,4% em 2007 –, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) comparou a popularidade de Lula à alcançada por um conhecido militarista em plena ditadura.
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“O general Médici teve 85% de aprovação no Brasil. Era presidente de uma ditadura e torturava nos porões do país”, alfinetou Fortes. “Isso para mim é o que menos importa. O que importa é banir do país a ineficiência administrativa e a corrupção”, declarou o senador, acrescentando que “a popularidade e o reconhecimento funcionarão no momento certo”, e que os “ventos favoráveis” ao presidente tem a “colaboração” da oposição.
Para o senador tucano Tasso Jereissati (CE), não só a economia é responsável pela aprovação de Lula. "Ninguém pode negar que a economia vai bem, apesar de que o país vai muito mal", disse, comparando o "caos" atual da saúde ao cenário de cem anos atrás, quando as pessoas morriam de "febre amarela, dengue e calazar". Além disso, declarou à reportagem o senador cearense, "a insegurança está tornando impossível a vida do brasileiro, e a educação apresentando níveis dos piores do mundo".
A outra razão da popularidade de Lula, segundo Jereissati, é o suposto uso eleitoreiro da máquina administrativa. "Temos um governo em campanha com o dinheiro público, com uma estrutura fantástica, televisões 24 horas por dia. O resultado não é de surpreender."
Outros olhos
Já os governistas, obviamente, viram o resultado com os outros olhos. “A população faz análise objetiva, na medida em que há uma geração de empregos formais, na medida em que os programas sociais atendem a milhões e milhões”, disse o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Acho que as pessoas, ao fazerem a avaliação, estão fazendo sob sua própria experiência. Não tenho elementos conclusivos, mas analiso assim.”
Conhecido por sua atuação combativa, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) foi comedido ao comentar o bom momento do presidente. Integrante da base governista, o sergipano disse à reportagem que, embora não concorde "com as práticas contrárias à ética e à moral públicas" principalmente atreladas ao primeiro mandato de Lula, reconhece o "panorama diferente" do segundo mandato.
Lima disse que há duas vertentes de julgamento da administração petista: uma sob a ótica da crítica oposicionista, e outra que acha que o governo está "correspondendo às demandas da sociedade". "Eu prefiro ficar entre uma e outra: continuar fiscalizando as ações do governo no que diz respeito à sua postura ética e moral e, ao mesmo tempo, aplaudindo o governo naquilo que ele faz de correto, que é atender às demandas mais populares da sociedade brasileira", finalizou. (Fábio Góis e Erich Decat)
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