O empresário Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, divulgou nota no fim da tarde desta quinta-feira em que contesta o sub-relator de Movimentação Financeira da CPI dos Correios, Gustavo Fruet (PSDB-PR), e diz que fez empréstimos no Rural e BMG para alimentar o caixa dois do PT.
Fruet afirmou nesta quinta-feira que os dados contábeis das agências SMP&B e DNA, empresas de Valério, não fazem qualquer menção a empréstimos nesses bancos, o que desmontaria a versão de que o caixa dois petista era todo composto por empréstimos bancários, sustentada pelo empresário e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
“Mais uma vez, o deputado Gustavo Fruet (…) se equivoca em suas declarações à imprensa”, diz a nota divulgada pela assessoria de Valério. O empresário argumenta que, na documentação completa, que abrange o período de 2001 a 2005, todos os empréstimos feitos para o PT estão devidamente listados.
“(…) No último dia 13, o Banco Central encaminhou à presidência da CPMI dos Correios um ofício que comprova a existência dos empréstimos junto ao Banco Rural e ao BMG”, ressalta Valério. Fruet, no entanto, afirmou que a operação deveria aparecer na contabilidade como “crédito a receber”.
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O parlamentar adiantou ter recebido a informação de que Valério solicitou a inclusão dos repasses na contabilidade da empresa. Fruet informou que, se a suspeita for comprovada, Valério pode ser indiciado por tentativa de fraude. “Se ele retificar, será fraude contra o sistema financeiro porque ele, como empresa, não pode emprestar dinheiro”, afirmou.
Na nota, Valério negou a intenção de alterar os dados contábeis de suas empresas. Disse não entender a “relutância” de Fruet em aceitar a versão dos empréstimos para alimentar o caixa dois petista e afirmou que o parlamentar insiste em confundir a imprensa e a opinião pública com hipóteses sem sustentação.
“O relator (Fruet) insiste em aventar hipóteses que não têm sustentação em documentos, confundindo a imprensa e a opinião pública”, informou a assessoria do empresário.
Confira a íntegra da nota de Marcos Valério:
“Mais uma vez, o deputado Gustavo Fruet, relator da Subcomissão Financeira da CPMI dos Correios, se equivoca em suas declarações à imprensa. O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza não solicitou a realização de qualquer correção nos documentos contábeis das agências SMP&B e DNA, que já foram entregues à Receita Federal, à Procuradoria Geral da República, à Polícia Federal e à própria CPMI dos Correios.
Na documentação completa, abrangendo o período de 2001 a 2005, estão corretamente registradas todas as operações referentes aos empréstimos feitos ao Partido dos Trabalhadores a pedido do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Deve ser destacado ainda que, no último dia 13, o Banco Central encaminhou à presidência da CPMI dos Correios um ofício que comprova a existência dos empréstimos junto ao Banco Rural e ao BMG.
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza lamenta e não compreende a relutância da Relatoria da Subcomissão Financeira em admitir a realidade dos empréstimos. Mesmo tendo em mãos toda a documentação das empresas das quais Marcos Valério tem participação e dos bancos, que comprovam a origem lícita dos recursos emprestados ao PT, ao invés de divulgar as informações verdadeiras e esclarecer os fatos, o relator insiste em aventar hipóteses que não têm sustentação em documentos, confundindo a imprensa e a opinião pública.
Belo Horizonte, 29 de setembro de 2005.”
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