Rodolfo Torres
“Unido”. É dessa forma que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), espera que o partido chegue a junho, quando definirá se lançará candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (PT). “O PMDB é um só em todo o país.”
“Se nós fizermos uma aliança, e é muito provável que façamos, nós vamos estabelecer um programa para o país”, reforçou Temer, presidente licenciado do partido e cotado para ser o nome da sigla na chapa petista.
Em breve discurso na abertura da convenção do PMDB, evento que reúne a cúpula do partido e que escolherá sua Executiva Nacional, Temer afirmou que “sem o PMDB não há condições de conduzir o país”.
“Nenhum partido consegue chegar ao Executivo e governar sem uma coalizão”, ressaltou o presidente da Câmara, que deve ser reeleito por seus correligionários para presidir o partido.
O “unido” de Temer, no entanto, revela-se apenas uma expressão em seu discurso. Como ele mesmo viu-se obrigado a ressalvar mais adiante, o PMDB terá que reiniciar o diálogo “para reunificar as correntes partidárias”. Para ele, eventuais desavenças são naturais num partido do “tamanho” e da “significação política” do PMDB.
Maior partido do país, o partido só conseguiu realizar a convenção neste sábado depois de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, anulando uma liminar que impedia sua realização. Os diretórios do Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo solicitaram a suspensão da convenção alegando que os prazos para inscrição de chapas não foram respeitados. Esses diretórios apoiam o lançamento do governador do Paraná, Roberto Requião, como candidato próprio do partido, em vez do apoio ao nome do PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Não é a primeira vez na sua história que o PMDB tem de recorrer à Justiça para realizar uma convenção. Na verdade, apesar do discurso da “unidade”, vai-se repetindo a velha história peemedebista: desde a redemocratização, todos os presidentes tiveram o PMDB na sua base; nenhum deles teve o PMDB inteiramente.
No fim da noite de ontem, o STJ reverteu a decisão sob o argumento de que a liminar interferia em assuntos internos do partido.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também discursou na abertura do encontro. Ele aproveitou para endossar o discurso de unidade da legenda. De acordo com ele, o PMDB é o “partido da unidade, o partido que assegura a governabilidade”. “Nossos corações estão unidos, pela primeira vez. Vamos partir para fazer uma aliança com o presidente Lula. Aliança na qual tenhamos peso, tenhamos voz”, afirmou Sarney.
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