O deputado federal Marco Feliciano se diz pastor, mas nem de longe tem o perfil de quem zela por seu rebanho; apenas o tosquia. Nos tempos bíblicos, decerto seria um dos mercadores que Cristo expulsou do templo. Seu deus é o bezerro de ouro.
Um vídeo divulgado na internet escancara a sua devoção suprema pelo vil metal.
Exorta os extorquidos a doarem R$ 1 mil cada, mas, magnânimo, abre exceção para os mais pobres, impossibilitados de jogarem tanto dinheiro no lixo. Aconselha-os a queimarem R$ 500.
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Pede que façam a “oferta” em dinheiro, cheque, cartão, depósito bancário ou, mesmo, moto! Até cheques pré-datados para 90 dias são aceitos. E repreende uma vítima distraída, por ter esquecido um pequeno detalhe:
“Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre para Deus e Deus não vai dar. E vai falar que Deus é ruim…”
Pelo contrário, Deus é bom até demais. Tanto que ainda não fulminou Feliciano com um raio.
Ele é, ainda, alvo de uma ação penal por estelionato em função dos R$ 13,3 mil que recebeu adiantados para realizar dois cultos religiosos no Rio Grande do Sul: não compareceu, nem devolveu a grana.
E o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para apurar se são criminosas as afirmações racistas e homofóbicas difundidas por Feliciano nas redes sociais.
Frases como a de que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” e a de que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição”.
Coerentemente, Feliciano é autor de projetos que pretendem revogar decisões do próprio STF, como a que reconhece a união civil de pessoas do mesmo sexo. Além de ser um dos defensores da imposição da castração química aos estupradores.
Mais chocante ainda do que a posse de parlamentar tão inadequado, verdadeiro antípoda, para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, foi a maneira como se consumou tal aberração.
No rateio informal das comissões entre os partidos, o PT fazia questão de obter a CDHM, por ter tudo a ver com sua história e suas bandeiras originais.
Ahora no más! Optou por dela abrir mão, deixando que caísse no colo do Partido Social Cristão. Quis ficar com alguma de mais valia para o exercício da politicalha.
Aquela politicalha em relação à qual o PT se apresentava como alternativa.
Então, como na obra famosa de Mary Shelley, é inteiramente justificada a execração da criatura, mas o criador merece repúdio ainda maior. O monstro – Feliciano como presidente da CDHM – não existiria se um Dr. Frankenstein não lhe tivesse dado vida.
E, convenhamos, o paralelo é bem pertinente: o caminho percorrido pelo médico ficcional até se tornar fabricante de monstros é o mesmo que o partido real percorreu até se tornar parceiro e cúmplice da pior escória da política brasileira.
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