Acostumados a ocupar as comissões de agricultura, deputados e senadores ligados ao agronegócio estão cada vez mais presentes nos colegiados que tratam do meio ambiente. O assunto, aliás, tem ganhado importância no Congresso. A bancada ambientalista, aliás, já é hoje a mais numerosa do Parlamento, com 308 parlamentares. Entre eles, muitos ruralistas.
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Mas é nas comissões em funcionamento na Câmara e no Senado que os defensores do agronegócio mostram que estão diversificando sua área de influência. E esse poderio não está restrito às tradicionais comissões de agricultura. Ele atravessa aquele que era, até pouco, reduto dos inimigos.
Dos 14 colegiados analisados – dez comissões permanentes e especiais, três subcomissões e uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), todas ligadas ao meio ambiente –, a Comissão Temporária Risco Ambiental do Senado é a mais representativa em termos de participação ruralista.
Dos nove membros da comissão, sete são diretamente ligados aos interesses dos ruralistas, a começar por seu presidente, o senador Jayme Campos (DEM-MT), autuado por dano ambiental (leia). Jayme Campos é acompanhado por figuras emblemáticas do setor, como os senadores Gilberto Goellner (DEM-MT) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
A Subcomissão Temporária para Acompanhar a Crise Ambiental na Amazônia é a segunda em número de parlamentares ruralistas no Senado. Metade da comissão – presidida por Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e relatada por Expedito Júnior (PR-RO) – é ocupada pela bancada.
Membro de seis comissões ambientais e autor do PL que altera o Código Florestal, Flexa Ribeiro afirmou em plenário, na quinta-feira (8), que, apesar do respeito que tem pelos empresários rurais, não defende os interesses ruralistas. “Falar que sou da bancada ruralista é uma inverdade”, disse. O parlamentar criticou o abaixo-assinado contra propostas consideradas nocivas ao meio ambiente entregue no Congresso, na semana passada, por um grupo de entidades ligadas à questão ambiental (leia).
Críticas a ONGs
Vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, o deputado Marcos Montes (DEM-MG), secretário-geral da Frente Parlamentar da Agropecuária, também criticou a atuação de ONGs ambientalistas internacionais.
Sem citar nomes, o parlamentar afirmou que algumas organizações mais “individualistas” não podem atrapalhar o crescimento do Brasil. “Algumas delas, financiadas por organismos internacionais, são estimuladas por adversários do nosso país que não querem que o Brasil cresça”, diz.
Na Câmara, os interesses ruralistas são fortemente representados pelos deputados Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), que participa de três comissões ambientais, e Homero Pereira (PR-MT), titular em uma comissão e suplente em duas.
Dos 35 integrantes da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o principal colegiado ambiental da Câmara, 16 se autodeclaram ruralistas ou defendem abertamente os interesses agropecuários.
A influência da bancada também é forte na comissão especial que trata do PL 1610, de 1996, que dispõe sobre a exploração e o aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas. Mais de um terço das cadeiras do colegiado é ocupado por parla
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