O PSDB entrará hoje, em Brasília, com representação contra a interferência do governo Lula no processo eleitoral. Na avaliação dos tucanos, o governo federal interferiu diretamente na campanha quando evitou o flagrante da compra de acusações contra os candidatos José Serra e Geraldo Alckmin por petistas em São Paulo.
Valdebran Padilha e Gedimar Passos foram presos pela Polícia Federal na sexta-feira com R$ 1,75 milhão. Segundo eles, o dinheiro teria sido repassado por um emissário do diretório paulista do PT em troca de um dossiê que associaria o ex-ministro da Saúde José Serra, candidato ao governo de São Paulo, e o seu sucessor na pasta, o também tucano Barjas Negri, ao esquema da máfia das ambulâncias.
"Como tudo está remetido ao ambiente eleitoral, é evidente que a Justiça Eleitoral assuma o caso", defende o advogado do PSDB, Ricardo Penteado. Para o PSDB, já existem fatos suficientes para a cassação do registro da candidatura do presidente Lula, conforme determina a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90). "Qualquer investigação de abuso do poder tende a isso (à cassação do registro da candidatura)", explicou o advogado do PSDB.
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Penteado questiona a divulgação das imagens que mostram Serra ao lado dos coordenadores do esquema dos sanguessugas. "Não é possível isso. A pergunta que se faz é: quem são Valdebran e Gedimar? A quem estão representando?", questiona Penteado. Independentemente da ação do PSDB, a Corregedoria-Geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode assumir a condução do inquérito, já que o processo criminal estaria influenciando na campanha eleitoral.
Procurado no último sábado pelo presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, se comprometeu com uma investigação imparcial do caso. Bastos disse que a PF trabalhará com isenção e negou tentativa de abafar o caso. Segundo ele, não se pode duvidar de uma polícia que foi a responsável pela prisão das pessoas que tentavam negociar o dossiê.
Serra processará Vedoin
O ex-ministro da Saúde José Serra, candidato a governador de São Paulo, garantiu, que entrará nesta segunda-feira (18) com notícia-crime contra o empresário Luiz Antonio Vedoin. O sócio da Planam acusou Serra, em entrevista à revista Istoé, de participação na máfia das ambulâncias e disse que enquanto o tucano estava à frente do ministério, a liberação da verba para a compra dos veículos era mais rápida.
Serra garantiu que já acionou seus advogados e disse não ter evidências de que somente um partido tenha participado do esquema de compra de dossiês, ao qual chamou de "baixaria primitiva, destinada a enganar eleitores em cima da hora". Até agora foi comprovada a participação de um filiado do PT de São Paulo, o empresário Valdebran Padilha, que foi preso pela Polícia Federal. Valdebran é ex-tesoureiro do partido.
O ex-ministro quer descobrir de onde saiu o dinheiro – R$ 1,75 milhão – que seria destinado a compra do material apreendido na quinta-feira (14) à noite com Paulo Roberto Trevisan, primo do sócio da Planam Luiz Antonio Vedoin. "A denúncia é um amontoado de mentiras e nossos adversários estão organizando baixaria porque estamos bem à frente nas pesquisas. É lamentável que isso ainda ocorra no Brasil", disse o tucano.
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