Pesquisa Ibope encomendada pela revista IstoÉ recoloca o presidente Lula na liderança da disputa pelo Palácio do Planalto em sete simulações do primeiro turno das eleições presidenciais. No cenário menos favorável ao presidente, ele aparece com 35% das intenções de voto contra os 31% obtidos pelo prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB). Os dois estão tecnicamente empatados, pois a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

No levantamento realizado no início de dezembro, Lula aparecia seis pontos atrás do prefeito paulistano, que tinha 37% das intenções de voto. Agora, Serra caiu para 31%, enquanto Lula cresceu quatro pontos percentuais. Nesse mesmo cenário, o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) surge em terceiro, com 12%. Quando o candidato tucano é Geraldo Alckmin, que trava disputa com Serra para representar o PSDB na eleição, Lula aparece com 38%, seguido pelo governador, com 17%.

Na única simulação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como candidato do PSDB, Lula teria 38% e Garotinho, 15%. O ex-presidente fica em terceiro lugar, com apenas 14% das intenções de voto. No confronto com o governador de Minas, Aécio Neves, também do PSDB, Lula chega a 39%. Aécio teria apenas 9% dos votos, empatado com a senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) e atrás de Garotinho, com 17%.

O Ibope ouviu 2.002 pessoas em 143 cidades do país, entre os dias 12 e 16 de janeiro. Não foram feitas simulações para o segundo turno embora o número de votos alcançados pelo presidente em todas as simulações não seja suficiente para garantir a reeleição já no primeiro turno.

De acordo com o Ibope, a recuperação do presidente é melhor nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e entre os homens e eleitores de baixa renda e escolaridade. “De fato há uma recuperação eleitoral do presidente”, avalia a diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari.

Entre as ações positivas do governo que reaqueceram a candidatura de Lula, Márcia aponta a liberação de recursos para a recuperação das estradas, a entrevista do presidente ao Fantástico, o fortalecimento das campanhas publicitárias oficiais e o fracasso da primeira fase da convocação extraordinária do Congresso. “A discussão sobre os trabalhos e o custo da convocação tirou o foco da opinião pública do presidente e jogou sobre o Congresso”, observa.

O melhor desempenho de Lula, segundo a pesquisa Ibope, ocorre quando o candidato do PMDB é o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e o dos tucanos é Alckmin. Nesse cenário, Lula alcança 41% das intenções de voto. O governador paulista aparece com 18%, enquanto o gaúcho desponta com 3%, na quarta posição, atrás de Heloísa Helena, com 10%.

Tucanos preferem Alckmin

Os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo também divulgaram, nesta sexta, enquete sobre a preferência da bancada tucana. Entre deputados e senadores do PSDB, o nome preferido para enfrentar Lula em outubro é o do governador paulista.

Dos 64 tucanos ouvidos por O Globo, 33 declararam apoio a Alckmin, enquanto 22 disseram preferir Serra. No levantamento do Estadão, 27 dos 53 deputados da bancada manifestaram preferência pelo governador. Outros 16 declararam voto no prefeito.

FHC

O ex-presidente Fernando Henrique negou ontem os rumores de que já tenha decidido apoiar Serra como candidato do PSDB à Presidência. “A notícia (da preferência por Serra) não procede. Falo com muita gente e sempre digo a mesma coisa, mas as pessoas podem selecionar a parte que lhes interessa. É engano imaginar que a seleção de um candidato possa ser feita por mim ou pelo presidente do partido. A coisa é mais complicada do que isso e temos de dar tempo a tempo. A pressa é inimiga do bom resultado”, disse. 

Apesar de reconhecer que Lula tem condições de se reeleger, o ex-presidente disse que o petista ainda vai encontrar muitas dificuldades pela frente para permanecer no Planalto. “Lula vai precisar tomar muita vitamina. Não se está discutindo a situação econômica, até porque ele seguiu muito o que estava sendo feito por nós, mas sim a situação política e moral. Não vai ser fácil para ele convencer o povo de que o se diz não é verdade. De minha parte, acho que ele não merece ser reeleito, mas o povo é que vai decidir.”