Edson Sardinha
O primeiro-vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), apresentou hoje (14) requerimento em que pede a convocação do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ao anunciar o pedido, Marconi declarou que quer saber se Gilberto tem algum envolvimento na elaboração de um dossiê que o acusa de manter contas bancárias em paraísos fiscais.
“Mais uma vez fazem um atentado contra o Estado democrático de direito a fazerem um dossiê fajuto, certamente fabricado por canalhas, no sentido de me prejudicar”, protestou o tucano. O governo brasileiro abriu investigações no último dia 12 de março para apurar denúncia sobre supostas movimentações bancárias de Marconi no exterior.
O presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), não informou quando o requerimento será submetido a votação.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o líder do PR na Câmara, Sandro Mabel (GO), mostrou o dossiê a Gilberto Carvalho. O chefe-de-gabinete de Lula admitiu que viu o material, mas disse que não deu encaminhamento por considerar as acusações inconsistentes.
O Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), do Ministério da Justiça, abriu um processo destinado a mapear a existência das contas. “Já houve o dossiê Cayman contra o governo Fernando Henrique Cardoso e, mais recentemente, o dossiê dos aloprados. Este é mais um dossiê falso com o objetivo de macular minha honra e me prejudicar eleitoralmente”, disse o senador, desafeto público do presidente Lula desde que declarou que havia alertado o petista sobre a existência do mensalão. O presidente nega ter sido avisado por ele.
Ontem, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, defendeu o processo de investigação do dossiê sobre supostas contas do senador e reiterou que Gilberto Carvalho não teve nenhuma interferência no andamento da apuração. “De jeito nenhum. Esse governo não toma atitudes como essa em relação aos seus adversários nem em relação aos seus aliados”, disse. “Esse é um governo que não utiliza os instrumentos do Estado para atacar adversários ou aproximar os aliados”, declarou ao Estadão.
Na última segunda-feira, antes de saber que estava sendo investigado, Marconi Perillo ocupou a tribuna para pedir apuração do dossiê que o incrimina. Segundo Perillo, o material foi enviado à sua residência no último dia 6, quando ele anunciou a pré-candidatura ao governo do estado de Goiás. Sem detalhar o conteúdo do dossiê, Perillo atribuiu sua feitura à oposição em sua base eleitoral. O senador estendeu o pedido de investigação ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República.
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