“A minha conversa com o ex-senador Sérgio Machado é uma conversa que tenho tido pela imprensa. O que eu disse ao senador Sérgio Machado eu disse nas páginas amarelas da Veja, na IstoÉ, na revista Época, tenho dito a jornalistas e em discurso no plenário.”
As gravações das conversas do senador Romero Jucá (PMDB-RR) com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, reveladas pela Folha de S.Paulo, mostram uma tentativa do parlamentar de frear as investigações da Operação Lava Jato. Os trechos publicados não deixam margem a diferentes interpretações, como insinua Jucá. Nas entrevistas dadas a Veja, IstoÉ ou à revista Época, o senador não revelou as mesmas preocupações em nenhum momento. Logo, não se trata da mesma conversa que ele tem tido pela imprensa ou no plenário do Senado Federal.
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A reportagem da Folha aponta a preocupação de Jucá em mudar o governo para estancar a “sangria” provocada pela Lava Jato. “Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, disse o ex-ministro do Planejamento do presidente interino Michel Temer. No diálogo, ele conta que conversou com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e militares sobre o assunto, que poderia ser resolvido com o impeachment de Dilma Rousseff. “[Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.” E manifestou o medo de que outras pessoas da classe política fossem envolvidos na operação. “Todo mundo [está] na bandeja para ser comido.”
Publicamente, a fala de Jucá era outra. Em outubro, em entrevista às Páginas Amarelas da Veja, Jucá teve postura completamente diferente. “Tenho algum temor nessa questão da Lava Jato? Nenhum temor”, disse à repórter Thais Oyama. No plenário, em discurso no dia 5 de abril, Jucá também apoiou as investigações: “O PMDB apoia a investigação da Lava Jato e entende que todos devam ser investigados.” Para a revista Época, o peemedebista voltou a dizer recentemente que seu partido defendia as investigações. “A Lava Jato é fundamental, o PMDB apoia, quer que as ações se desenrolem o mais rapidamente possível.” Na IstoÉ, a mensagem foi parecida, mas também incluiu um pedido para que as investigações fossem aceleradas: “O governo Temer vai apoiar a Lava Jato. Queremos rapidez na operação. Não dá para ficar uma nuvem negra sobre todos os políticos do Brasil. Independentemente de ter ou não culpa. Está todo mundo sob desconfiança.”
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“Não fiz nenhuma ação para impedir a investigação da Lava Jato.”
Não é o que está nas gravações reveladas pelaFolha de S.Paulo. Os áudios mostram que Jucá acreditava que aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff era a melhor saída para estancar a investigação, qualificada como uma “sangria”. O senador foi um dos principais articuladores de Temer para que se obtivessem os votos necessários para o afastamento. Logo, suas ações tiveram o objetivo de frear a Lava Jato.
Em um dos áudios, ele afirma não ver outra opção para resolver a crise política. “Tem que ter impeachment. Não tem saída”, disse, na conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. “Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?”, declarou, em outro trecho.
Jucá disse que essa também era a opinião de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e que militares teriam dito a ele que o impeachment poderia ocorrer sem problemas. Machado afirma que a solução seria um governo Temer, que faria um acordo nacional envolvendo até mesmo o STF para impedir o andamento da operação. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu o senador.
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“O que a Folha de S.Paulo fez foi dar uma interpretação errônea às minhas palavras.”
Os áudios das conversas entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não deixam margem para interpretações errôneas. Isso porque o parlamentar dá claramente as suas opiniões sobre a Operação Lava Jato, que considera algo problemático e que precisa terminar – uma “sangria” que precisa ser estancada.
Na segunda-feira (23), Jucá tentou se defender, dizendo que ao falar de se “sangria” estava se referindo à crise econômica. Também afirmou que não confiava no autor da reportagem, o jornalista Rubens Valente, ou no veículo que havia publicado o texto, a Folha de S.Paulo. Pouco tempo depois, a Folha publicou trechos na íntegra da conversa, que mostram que o contexto para o uso do termo era, sim, de tentar encerrar a Lava Jato.
Jucá chega a dizer que o juiz Sérgio Moro criou uma Torre de Londres. “Mandava o coitado pra lá para o cara confessar”, afirmou. Também está preocupado com as delações premiadas que podem ser firmadas por empreiteiras e com as consequências disso. “Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo, e a Odebrecht, vão fazer. (…) Seletiva, mas vai fazer.”
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