Não vou escrever sobre o livro 50 tons de cinza. Não o li e tampouco está entre as minhas prioridades fazê-lo. Tenho uma lista enorme de livros aguardando a leitura e creio que morrerei e não conseguirei ler todos, até porque a lista aumenta dia a dia.
Também não vou comentar os tons de cinza (ou era azul?) das roupas que o líder chinês Mao Tsé-Tung usava. Toda foto dele, quando vivo, divulgada para o Ocidente, era o mesmo modelo e cor, e com traje igual ao dele todos que o cercavam. Estas fotos davam a ideia que todos os chineses e chinesas se vestiam igual. Dava-se a impressão de que tudo era cinza (ou era azul apagado?), que não existiam cores na China.
Tons de cinza é o que querem nos dar parte dos que exercem cargo público no Brasil e parte dos que vão para a rua para protestar contra o governo. Dizem que é contra a corrupção, mas não acredito.
Não posso afirmar que é a maioria, mas uma parte vai ao protesto de verde e amarelo. Geralmente, para combinar as cores e facilitar a busca no guarda-roupa, vão com a camisa da seleção brasileira. Protestam contra a “corrupção” e fazem propaganda para a Nike. Esquisito isso, né, justamente a Nike, aquela que foi investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) CBF/Nike.
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Vou perdoar parte da moçada que vai para a rua, é tão jovem, tão desinformada, que talvez não conheça a história de corrupção da CBF, da Nike e do Brasil.
Muitos dos que vão de verde e amarelo para o protesto compraram o uniforme não oficial, pois ele é mais barato. Ótimo, só que é pirateado. Compra uniforme pirateado e vai protestar contra a corrupção.
De verde e amarelo, vai para o protesto, vaia e agride os que por ventura saíram de casa de vermelho. Essa é a democracia dos que sequer toleram a cor diferente. Dá-se a impressão de que, para alguns deles, o vermelho deve ser banido. Mas não tem como bani-lo. Banir o vermelho seria banir quase todas as cores.
De maneira simples, simplificada e resumidamente, relembro: as cores primárias, ou cores puras, são três, vermelho (ai, meu Deus!), azul e amarelo.
São chamadas de primárias ou puras porque elas existem sem a mistura de outras cores. São essas cores que, misturadas, formam outras, que são denominadas secundárias.
Ah! Existem também as cores terciárias, que são as originadas da mistura de uma cor primária com uma secundária.
O vermelho é uma cor que, apesar da vontade de alguns, não dá para ser abolida, pois como vê, é uma cor primária. O verde é uma cor secundária, mistura de azul e amarelo.
Faço esse devaneio para brincar com a desinformação. Desinformação que tem gerado ou exposto radicalismos, preconceitos e agressões. Apesar de a maioria se dizer cristão e o cristianismo pregar a tolerância, na rua, aqueles que usam o discurso de ser contra a corrupção, têm se manifestado contra os negros, homossexuais e até contra aquilo que não sabem o que é, como, por exemplo, o bolivarianismo.
No último dia 24, sob o título de “Tea Party tucano” a Folha de S.Paulo reproduz uma conversa feita por telefone com o deputado federal Izalci Ferreira (PSDB-DF). Segundo a matéria, ele está muito preocupado, pois o governo tem usado as salas de aula para pregar o “homossexualismo” [sic] e “transformar o Brasil na Venezuela”. Santa inteligência!
A inteligência do deputado tem que ser explicitada, e o melhor para isso é reproduzir trecho da matéria da Folha: “Perguntei que ideologia o preocupava tanto. “Não sei se é comunista, anarquista ou socialista. É uma mistura”, ele respondeu”. Como vê, o deputado não sabe é nada.
Segundo a matéria, antes desta demonstração de sabedoria, o deputado demonstrou preocupação com a sobrinha de cinco anos, que é vítima da doutrinação. “Outro dia, ela pegou um livro para colorir e estava cheio de estrelinhas. Quando vi, ela tinha colorido todas de vermelho”, contou Izalci, “dizendo-se indignado”.
Pela posição do deputado e de muitos dos que vão para a rua protestar contra a “corrupção”, a cor vermelha tem que ser proibida. Mas como não será, proponho que se vistam todos com cores neutras, como o cinza e seus tons. As cores neutras são as que refletem pouco a luz. Entendeu: refletem pouco a luz.
Para não correr o risco de ver uma criança, parente sua, pintando as estrelinhas de vermelho, aconselho: dê sumiço nos lápis dessa cor.
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