A primeira oportunidade para confrontar idéias e propostas foi marcada por um tom ameno entre os oito candidatos à prefeitura de São Paulo, que participaram ontem (31) de um debate na TV Bandeirantes. Gilberto Kassab (DEM), Paulo Maluf (PP), Marta Suplicy (PT), Renato Reichmann (PMN), Ciro Moura (PTC), Geraldo Alckmin (PSDB), Ivan Valente (PSOL) e Soninha Francine (PPS) evitaram entrar em polêmicas e levantaram antigas bandeiras de outras campanhas.
O prefeito Gilberto Kassab aproveitou os bons índices de popularidade do presidente Lula para colar sua imagem à do petista: "Sou o maior parceiro do presidente Lula no Brasil no programa Bolsa-Família", disse Kassab, que também ressaltou as parcerias com o governador José Serra, de quem herdou o cargo quando o tucano partiu para o palácio dos Bandeirantes.
Marta Suplicy também tirou uma casquinha e fez questão de se mostrar próxima ao presidente: "Encontrei o Lula e ele disse: ‘Marta, eu quero que você ganhe porque com a situação econômica do Brasil, vai dar pra fazer muita coisa em São Paulo’", disse. Mas a ex-prefeita tratou de se aproximar do governador: "Eu quero falar agora com o governador Serra, que deve estar em casa nos assistindo. Governador, nós podemos ser parceiros, governar em paz essa cidade", disse olhando para a câmera.
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Em um dos poucos momentos de debate acalorado, Marta acusou Alckmin de mentir sobre a situação financeira da prefeitura no fim do mandato da petista. "É mentira", disse ela ao ex-governador, alegando que deixou superávit nas contas do município. O candidato tucano ainda teve que ouvir as provocações indiretas do prefeito Kassab, que criticou as privatizações do governo do estado quando Alckmin era o chefe do Executivo estadual.
Presente ao encontro, o senador Romeu Tuma (PTB) acredita que faltou aos candidatos mostrar de onde virão os recursos para tirar os projetos do papel: "Acredito que o tom da campanha vai subir com o tempo. Esse foi o primeiro de uma série de encontros entre os postulantes ao cargo", diz o parlamentar.
Ficha suja
A lista divulgada pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) com os candidatos que respondem a processos na Justiça (leia mais) foi tema de uma das perguntas do jornalista José Paulo de Andrade. Ele diz que Kassab usou a relação contra Marta Suplicy, mas depois decobriu-se que ele também estava na relação divulgada pelos juízes.
"Basta o eleitor saber que foi absolvido. A ação foi julgada improcedente", responde o atual prefeito. Ele também nega ter tentado influenciar na pesquisa Datafolha com e-mails enviados a sub-prefeitos. (leia mais). Kassab justifica a medida dizendo que "existem denúncias de que grupos organizados procuram tumultuar lugares da cidade para desvirtuar o resultado da pesquisa".
Já Paulo Maluf, o candidato que mais responde a processos segundo a lista da AMB, critica a associação por publicar esse documento e afirma que foi considerado o melhor prefeito por uma pesquisa Datafolha: "Fui preso sim e foi o STF que me liberou porque a prisão não tinha base legal".
“Mentira”
Em outro momento de maior discussão, Alckmin acusou a ex-prefeita Marta Suplicy de ter deixado a cidade em estado "lastimável, com a saúde sucateada e mais de 126 mil crianças fora de creches e Emeis". Segundo ele, São Paulo foi entregue ao então prefeito José Serra com uma enorme dívida.
"É mentira", rebateu Marta ao ex-governador. Ela diz que deixou a prefeitura com superávit de R$ 91 milhões e que em janeiro já havia R$ 982 milhões nos cofres do município. "Isso é deixar a prefeitura quebrada?", questiona ela, que acusa o PSDB de barrar o pagamento de fornecedores sem motivo no início da gestão Serra.
Presente ao debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acredita que a petista e o tucano vão polarizar o debate ao longo da campanha. "A Marta foi muito atacada com relação à saúde e é uma área que com certeza ela vai mostrar mais propostas", diz Suplicy.
Transporte
O tema transporte é um dos principais assuntos discutidos na eleição paulistana. Antes mesmo de chegar à emissora para o debate, a vereadora Soninha Francine colocou-o em debate ao chegar de bicicleta. Ela percorreu nove quilômetros desde a Avenida Paulista, na região central, até o Morumbi, na zona sul da capital.
"Sou sedentária, não faço nenhuma atividade física regular e achei que seria difícil, mas cheguei na boa. Demorei 40 minutos", afirma a candidata. Ela diz que pretende trabalhar para que a cena, no mínimo inusitada, se torne corriqueira na cidade: "Já tem muita gente que usa bicicleta como meio de locomoção, mesmo com as dificuldades que isso implica". Para ampliar a participação desse meio de transporte, Soninha promete criar 200 Km de ciclovias, mas afirma que é preciso integrar a bicicleta aos outros meios, como ônibus e metrô.
Por sua vez, questionado sobre a criação do pedágio urbano, o candidato Ivan Valente afirmou ser contra. Segundo ele, medidas como essa servem apenas para elitizar o processo. "Defendo a oferta de transporte público de massa, subsidiado pela prefeitura e gratuito para a população", diz ele.
Saúde
O tema dominou boa parte dos dois blocos intermediários do debate e trouxe à tona mais uma vez a municipalização do setor. Paulo Maluf defendeu o Plano de Atendimento à Saúde (PAS), implantado na gestão dele como prefeito (1992 a 1996). Criticado por todos os outros candidatos, o programa impediu que a União repassasse recursos do SUS para a cidade.
"O rico tem o plano de saúde e está bem assistido, mas os pobres não. Vou dar atendimento médico gratuito para o idoso também", prometeu o ex-prefeito. Sucessora de Celso Pitta no cargo, Marta Suplicy afirma que o modelo implantado por Maluf e seguido por seu afilhado político sucateou os postos de saúde: "Fui obrigada a municipalizar 12 hospitais sucateados e centenas de Unidades Básicas de Saúde abandonadas", afirmou a petista.
Já Ivan Valente defende a implantação plena do Sistema Único de Saúde (SUS): "Saúde é direito do cidadão e um dever do Estado. É preciso acabar com a terceirização e a transferência do recurso para o poder privado", destacou.
Para Soninha, a solução para esse problema passa pela formação dos médicos: "Eles têm que se formar na própria periferia para que trabalhem com a comunidade em que cresceram e não tenham qu
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