Todos os brasileiros vivos que ocuparam a Presidência da República apóiam a candidatura do atual presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), à reeleição. Não é segredo para seu ninguém que o próprio presidente Lula prefere o parlamentar alagoano, filiado ao partido comunista patrício por São Paulo, e que preside a Câmara.
Analistas políticos das mais variadas tendências e até mesmo o ícone Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmam sem maiores pudores: Aldo é o candidato de Lula. Dizem que Lula apreciou o trabalho do presidente da Câmara, principalmente naquele período dos sanguessugas, em que CPIs surgiam no Congresso Nacional como que por uma misteriosa geração espontânea.
Por ser alagoano, Aldo Rebelo também conseguiu uma maior aproximação com o governador das Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB). Pela história política brasileira, um tucano não daria muita bola para um membro do PCdoB. No entanto, umas das magias da política nacional é o seu grau de maleabilidade, a sua alta capacidade de mutação comportamental. Sem contar que o membro do partido comunista em questão ocupa o terceiro maior cargo na hierarquia da República.
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E lá vai seu Teotonio organizar um encontro entre Aldo Rebelo e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC, assim como Lula, trabalha pela reeleição de Aldo. Até o PFL quer que o membro do partido comunista continue por mais dois anos com as rédeas da Casa.
Se o ex-presidente Itamar Franco assumir alguma secretaria no governo de Minas Gerais, do tucano reeleito Aécio Neves, ele provavelmente também seguirá a cartilha do chefe. Se bem que no caso de Itamar, existe uma lógica toda particular que impede um raciocínio de associação simples. Mas nesta situação, até que se prove o contrário, Itamar apoiaria Aldo.
Não li nada a respeito e também não ouvi nenhum comentário sobre as preferências do senador eleito Fernando Collor (PRTB-AL) em relação à presidência da Câmara. No entanto é possível imaginar que Collor apóie a reeleição de Aldo por uma questão corporativista dos alagoanos. Pois é… A análise política também precisa de um exercício lúdico de vez em quando.
Encerrando a lista dos que ocuparam a Presidência da República e estão vivos, encontramos o poeta, escritor, jornalista, professor e imortal da Academia Brasileira de Letras, José Sarney (PMDB-AP). O senador faz parte da ala governista do PMDB, e vai com o presidente Lula até as últimas conseqüências. Ou seja, Sarney também é Aldo nessa disputa.
Estamos falando de uma disputa na qual o terceiro homem da República busca a reeleição. Aldo é um dos dois candidatos da base aliada do governo nesta guerra declarada. O outro, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, conta com um respaldo considerável. Principalmente na ala paulista do PT e em suas órbitas de influência.
Contudo, Aldo tem o apoio de 15 governadores, além dos ex-presidentes e do atual. E ele já está no cargo. Resumindo: se quiserem apostar as fichas em alguma candidatura, a de Aldo Rebelo é a que tem maior chance de emplacar.
Reunião alternativa
Amanhã (8), haverá uma reunião de parlamentares de diversos partidos (dentre eles, PT, PSDB, PMDB, Psol, etc) em São Paulo. O objetivo do encontro é definir uma candidatura avulsa para disputar a presidência da Câmara dos Deputados.
Dois nomes têm grandes probabilidades de surgir deste encontro como candidatura alternativa às de Aldo e Chinaglia: José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Se o “efeito Severino” não se repetir, afinal não se pode mais desprezar o efeito do “baixo-clero” em votações como esta, Aldo já levou a presidência da Câmara por mais dois anos. E com a participação do deputado Ciro Nogueira (PP-PI) na campanha de Aldo, o tal efeito é quase nulo. (Rodolfo Torres)
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