José Cruz/ABr
Um dos mais prestigiados jornalistas políticos do país, Franklin Martins, 58 anos, tem uma dura missão pela frente. Com status de ministro, comandará o órgão federal, ainda em fase de estruturação, que cuidará da publicidade oficial, das relações com a mídia e, como se fosse pouco, da criação de uma rede pública de TV, que tem como assumida inspiração a britânica BBC.
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São três tarefas tão complicadas quanto controvertidas. Os recursos da publicidade federal foram a semente que resultou na profunda crise política enfrentada pelo presidente Lula em 2005. No relacionamento com a imprensa, seu governo colecionou erros que variaram desde o amadorismo no trato com jornalistas até a desastrada ameaça de expulsar um correspondente estrangeiro (Larry Rother, do New York Times). E a idéia de uma nova rede estatal de televisão já provoca calafrios e iradas reações de empresas e profissionais da área.
Integrante de uma geração que recorreu à luta armada para enfrentar a ditadura militar, animada pelo exemplo de Che Guevara e o sonho da revolução socialista, Franklin é jornalista desde os 15 anos. Mas foi a partir dos 38 – em 1982, quando abandonou o então clandestino MR-8, após uma militância que incluiu a prisão e o exílio – que ele construiu uma das mais bem-sucedidas carreiras jornalísticas da imprensa brasileira. Foi diretor da TV Globo e de O Globo em Brasília. Passou por várias outras redações importantes (leia aqui o perfil completo dele) e, agora, deixa o posto de comentarista político da TV e Rádio Bandeirantes e de colunista do portal iG para se tornar ministro de Lula, cargo que aceitou semana passada (leia mais).
Em entrevista ao Congresso em Foco, realizada na tarde do último sábado, na sua casa em Brasília, ele manifestou confiança na possibilidade de contribuir para estabelecer uma nova fase no relacionamento entre o governo e a mídia. “Nós estamos saindo de uma crise política brutal nestes últimos anos. A relação entre governo e imprensa é crucial para desintoxicar o país”, afirmou.
Apesar de se referir com discrição aos erros já cometidos pelo governo Lula no campo da comunicação, ele enfatizou a necessidade de mudanças: “O governo tem que conversar com a imprensa. Falar e ouvir. Tem que dar a entrevista e ouvir as perguntas. Existe um debate político com a imprensa que tem que ser enfrentado o tempo todo e não pode se resumir a determinadas fórmulas”.
O jornalista acrescenta que Lula está determinado “a ter uma relação com a imprensa mais profissional, mais democrática e mais leve”. “O convite feito a mim é um indício de que o governo está querendo repensar e ter uma relação madura, profissional e respeitosa com a imprensa”, reforça ele.
Mas também cobra nova postura da mídia: “Agora, a imprensa revelou também durante esse processo que ela também não queria falar e ouvir. Ele queria apenas falar e falar qualquer coisa que desse na telha. Setores da imprensa acharam que pudessem puxar a sociedade de um lado para o outro, o que também é um equívoco. A função da imprensa não é dizer para onde a sociedade deve ir, a imprensa não é um partido político”.
No seu entender, a crise política, a maneira com que imprensa e oposição se portaram em relação a ela e a reeleição de Lula por ampla maioria, mostrando que o eleitorado não comprou o discurso oposicionista comprado pela mídia, trazem um conjunto muito rico de ensinamentos: “A imprensa está tendo de refletir sobre o papel dela, da mesma forma que o governo está tendo de refletir sobre o papel dele, da mesma forma que a oposição, aliás, está tendo de refletir sobre o papel dela. Todo mundo levou um freio de arrumação do eleitor nesse processo, foi muito positivo. Todo mundo está tendo que repensar”.
Também diz que “agência de publ
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